Há semanas, uma crise afeta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma das mais confiáveis instituições do país. O atual presidente, o gaúcho Marcio Pochmann, criou um mecanismo para fazer parcerias e, assim, aumentar a receita do órgão, mas diretores se rebelaram e chegaram a pedir exoneração dos cargos – seguem como funcionários de carreira.
Outro gaúcho que já presidiu o IBGE se situou em situação oposta à do atual comando. Em nota enviada à coluna, Eurico de Andrade Neves Borba, que esteve no cargo de 1992 a 1998, pediu respeito à instituição:
— Destruir o IBGE é muito fácil, basta continuar entregar a instituição a incompetentes e arrogantes, que não dialogam, nem são humildes em reconhecer que desconhecem as sutilezas do trabalho de coleta, critica e divulgação dos dados e informações, importantes para o nosso Brasil.
O que provocou a polêmica foi a decisão de Pochmann de criar a Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (IBGE+). A intenção era permitir ao órgão firmar acordos com empresas privadas pelos quais seria remunerado. No órgão, a medida foi malvista e apelidada de "IBGE paralelo".
Nesta quarta-feira (29), em evento em que o IBGE apresentou seu plano de trabalho para 2025, Pochmann comentou a situação:
— Há questionamentos e resistência, que são normais numa gestão democrática. Diante do subfinanciamento, é necessário tomar decisões.
Pouco depois, veio a decisão do Ministério do Planejamento: em nota, citando "comum acordo" com o IBGE, informa que a fundação foi "suspensa temporariamente". Isso ocorreu depois de uma audiência de Pochmann com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira (27).
Não faltam pedidos para que Pochmann seja afastado da presidência da instituição, mas a indicação foi do próprio Lula, o que torna essa saída pouco provável. A suspensão deve jogar água fria na fervura, mas foi mais um ruído desnecessário.