O dólar desceu abaixo de R$ 6 às 10h54min desta quarta-feira (22) e, desde então, opera com maior distância da barreira psicológica, com mínima de R$ 5,928. No início desta tarde, está por volta de R$ 5,93. E desta vez, não se trata apenas de uma oscilação para baixo: a cotação cai mesmo, 1,57%.
O alívio é o mesmo que havia provocado leves quedas nos pregões anteriores: a elevação de tarifas sobre importações por Donald Trump segue restrita ao campo da ameaça, usada como instrumento para negociações.
E ainda há perspectiva de taxas menores: na noite de terça-feira (21), o republicano disse que avalia impor tarifa de 10% sobre produtos importados da China a partir de 1º de fevereiro. Em campanha, havia mencionado até 60%.
É bom lembrar que a elevação de tarifas a produtos que chegam aos Estados Unidos tem potencial de gerar aumento de inflação. Com preços em alta, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) terá de ser mais cauteloso na redução do juro, o que atrai mais investidores ao país (veja detalhes abaixo).
— Não podemos nem devemos assumir que o real vai se apreciar fortemente nos próximos meses, muito pelo contrário, mas também é evidente que o mercado está considerando seriamente os R$ 6 como ponto de gravidade — avalia o economista André Perfeito.
Também há percepção de que o fluxo de capital estrangeiro pode estar ajudando o real. Quando há maior entrada (oferta) de dólares no Brasil, a cotação da moeda americana tende a baixar.
Por que aumento de tarifa valoriza o dólar
- Se ao assumir a presidência dos Estados Unidos Donald Trump elevar o imposto de importação (tariff em inglês), menos produtos estrangeiros vão entrar no país.
- A redução pode diminuir a oferta de mercadorias, com consequente aumento da inflação.
- Com preços em alta, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) terá de ser mais cauteloso na redução do juro.
- Assim, os títulos públicos dos EUA, considerados os mais seguros do mundo, seguirão remunerando bem e vão atrair investidores financeiros para esses papéis.
- Com alto fluxo de entrada de dólares nos Estados Unidos e saída de mercados emergentes como o Brasil, a moeda americana se fortalece.
*Colaborou João Pedro Cecchini