Embora a maior parte da indústria brasileira torça pelo acordo entre União Europeia e Mercosul, alguns segmentos temem os efeitos da redução das tarifas, ou seja, das alíquotas do imposto de importação.
No Estado, as preocupações se concentram na produção de queijos e vinhos, mas também nas fabricantes de máquinas, equipamentos e eletroeletrônicos, afirma Aderbal Lima, coordenador do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs).
O próprio Aderbal tem uma indústria de produtos de automação eletrônica, com fortes concorrentes europeus. Mesmo assim, vê mais vantagens para o Brasil e outros países do Mercosul do que para França e outros europeus muito dependentes de subsídios:
— Se de fato o acordo for assinado, teremos muitos meses de discussão e arestas terão de ser aparadas.
Na avaliação do coordenador, como em todas as negociações, haverá setores que perdem e outros que ganham:
— Não há alinhamento, cada um olha o seu segmento. À Fiergs cabe conciliar todos os setores.
Aderbal, que morou na França por um longo período desde 2017, diz que há forte rejeição a produtos gaúchos, como o frango, ainda por ruídos envolvendo a presença de hormônios, já desmentida várias vezes pelos produtores.
— O público rechaça, paga uma fortuna por um frango fermier (da fazenda, ou caipira) para não comprar da América do Sul.