Maior rede de varejo do Brasil, a Lojas Renner é uma gaúcha - "nascida aqui e com sede aqui", lembra seu CEO, Fabio Faccio. Por isso, participou desde o primeiro momento no socorro dos gaúchos atingidos pela catástrofe climática.
Até agora, já doou 80 mil peças de roupa e calçados e só parou a pedido da Defesa Civil: tem mais 300 mil reservados para os próximos momentos. E Faccio se envolveu, pessoalmente, nos resgates de barco de pessoas isoladas em Eldorado do Sul, por ter "alguma experiência na área".
Quando a coluna pediu detalhes e imagens, o executivo declinou, dizendo que seu objetivo não era individual, mas coletivo, porque a empresa incentivou os funcionários a se voluntariar:
— Quando alguém da equipe me pergunta se pode ir ajudar, eu digo 'pode, estou indo também'.
O apoio tem várias frentes: uma equipe dedicada a apoiar regates, outra focada em doações e outra para dar apoio às pessoas. A Renner tem 23 mil funcionários no Brasil e 5 mil no Estado, dos quais 400 foram atingidos de forma relevante pelo desastre ambiental.
— Agora estão todos em segurança, alguns resgatados por nossas equipes. Estamos dando apoio psicológico imediato e gratuito e suporte financeiro para os mais afetados. Além de antecipação do 13º salário e férias, temos um valor de auxílio emergencial a fundo perdido, reforçado por doações de colegas — relata Faccio.
Todo trabalho da Renner é coordenado com a Defesa Civil para evitar que a vontade de ajudar acabe atrapalhando, por isso houver a parada na entrega das roupas para doação, com objetivo de evitar uma sobrecarga. As equipes da Renner fizeram cerca de 800 resgates, com apoio no pagamento do aluguel de barcos, e a empresa trouxe ao Estado cerca de 60 mil litros de água.
— Infelizmente, essa situação deve durar bastante tempo, fizemos bastante até hoje e estamos preparados para apoiar por muito tempo. Quando as águas baixarem, será preciso reconstruir o Estado, para o que também estamos dispostos a contribuir.
Das cerca de 40o lojas da Renner no Brasil, apenas três na Região Norte do país - por problemas logísticos - não participam da campanha de arrecadação de doações da rede. Do total, relata Faccio, 4% chegaram a ficar fechadas pela enxurrada no Estado, proporção que já diminuiu para 3%. Hoje, seguem sem atividades 10 unidades da Renner, duas da Camicado, sete da Youcom e uma da Ashua. A companhia voltou a adotar o home office para a maioria dos funcionários da sede administrativa, sempre e quando houver estrutura doméstica.
— Mantemos a sede aberta para quem precisa, também. Tem gente que vem para cá para ter luz e água — observa o executivo.
Como a Renner é uma empresa gaúcha com presença em todo o país, também está coordenando esforços com fornecedores que mandam doações, acrescenta Faccio:
— Estamos, neste momento, fechando parceria com um empresa de fora do Estado para ajudar a fornecer e distribuir água, será uma doação relevante.
A coluna quis saber se a companhia tem uma estimativa do valor empregado até agora na ajuda aos atingidos, Faccio disse que não. Mas estimou que, pelo alcance do que já vem sendo feito e do que ainda há por vir, deve superar os cerca de R$ 10 milhões empregados pela Renner durante a pandemia. Com um detalhe: superar a covid era uma questão nacional, o desastre ambiental é só no Rio Grande do Sul.
— Essa tragédia afeta muitos dos direitos essenciais da população. Impacta necessidades básicas, como moradia, sobrevivência, direito de ir e vir. Isso exige uma articulação complexa, que envolve vários agentes, do poder público à sociedade civil, passando pelas empresas. Todos têm de estar envolvidos. Por isso estamos trabalhando com a Defesa Civil, o governo do Estado, as prefeituras: para ampliar a potência da ajuda — diz Faccio.