
A semana pré-Páscoa começou com uma mudança cambial na Argentina, país que os brasileiros gostam de visitar em feriadões. O chamado "cepo cambiario" – restrições a operações com dólar – terminou com adoção de um sistema de bandas cambiais flutuantes semelhante ao do Brasil entre março de 1995 a janeiro de 1999.
Mas se na estreia do novo regime cambial houve disparada do dólar, a cotação se acomodou nos dias seguintes. Na prática, o que ocorreu até agora foi uma aproximação entre o dólar oficial e o "blue", principal opção entre os vários tipos de paralelo do país.
Na manhã desta quinta-feira (17), o oficial é cotado a 1.179 pesos argentinos e o "blue", a 1.255 pesos argentinos. Então, há mudança significativa para turistas que faziam questão de trocar reais ou dólares por pesos em cédulas no paralelo porque, se usassem o cartão, a conta subiria. Com pouca diferença entre as cotações, não vale a pena correr o risco de andar com maços enormes de papel.
O que não mudou, ao menos até agora, é a diferença de preços entre Brasil e Argentina. Como indicaram as levas de hermanos que passaram o verão no litoral gaúcho, divididas entre as areias e as lojas, o lado de cá da fronteira segue mais barato do que o de lá.
Incrível, porque os preços aqui subiram muito? Pois é. A retirada de subsídios governamentais pelo governo Milei fez a inflação disparar. Segue subindo, agora em ritmo menor, e acumula aumento de 55,9% em 12 meses. Aqui, está alta, mas o acumulado em 12 meses é de 5,48%.
Por isso, além de não ter voltado à fase de exceção em que era baratíssimo se hospedar, comer, beber e comprar, os gastos de turistas na Argentina estão ao menos entre 30% e 40% mais altos do que no mesmo período do ano passado.
Analistas econômicos temem que a adoção de bandas cambiais flutuantes leve, no futuro, a uma alta relevante do dólar frente ao peso argentino. Até agora, a depreciação da moeda nacional está restrita a cerca de 10%. É muito para o Brasil, mas dada a situação frágil da Argentina, ficou abaixo do que se temia.