No ano em que a Petrobras voltou a incluir a geração de energia renovável no seu plano de investimentos, também começou a perfurar a polêmica área da Margem Equatorial, que enfrentou resistência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
No sábado, foi iniciada a atividade que deve culminar com o primeiro furo no poço de Pitu Oeste, a 53 quilômetros da costa do Rio Grande do Norte, um dos limites da área que se estende até o norte do Amapá. O trabalho deve levar de três a cinco meses.
Conforme a Petrobras, o Ibama deu licença para a perfuração de dois poços de pesquisa de óleo e gás em águas profundas na Bacia Potiguar em outubro. O outro é o poço Anhangá, a 79 quilômetros da costa do Rio Grande do Norte, perto do Pitu. A estatal previu investir US$ 3,1 bilhões para pesquisa de óleo e gás na Margem Equatorial, entre 2024 e 2028, furando 16 poços nesse período.
O poço pioneiro fica mais longe da Foz do Amazonas, mas faz parte da mesma província que vem sendo tratada como "o novo pré-sal". Não pela existência da grossa camada de sal que ajudou a preservar os enormes reservatórios da região que vai do Norte de Santa Catarina ao Espírito Santo.
Desta vez, a descoberta não foi brasileira: a pioneira na exploração dessas jazidas foi a Guiana. O pequeno país encontrou óleo leve, o que despertou a cobiça até da Venezuela, que tem as maiores reservas provadas de petróleo do mundo, só que do tipo pesado. Qual a diferença? Custa mais caro transformar o pesado em gasolina e diesel.
O que é a Margem Equatorial
A Margem Equatorial começou a ser explorada há oito anos pela Guiana. Somente nesse período, as descobertas levaram as reservas provadas do país para 11 bilhões de barris, enquanto o Brasil tem 14,8 bilhões com atividades de exploração há décadas. Ou seja, desde 2015, o país vizinho conquistou 75% do total brasileiro. No Suriname, a primeira descoberta foi feita em 2020, e já foi constatado potencial de extração de 4 bilhões de barris.
Esse é um dos motivos pelos quais a Petrobras insiste tanto em perfurar poços na região, para comprovar a extensão e o potencial das jazidas da Margem Equatorial. No Brasil, a região inclui cinco bacias: Foz do Amazonas, entre Amapá e Pará, Pará-Maranhão, Barreirinhas (Maranhão), Ceará (inclui áreas do Piauí) e Potiguar, onde ficam os poços de Pitu e Anhangá.
As reservas são classificadas em "provadas" (certas), "prováveis" (com fortes indicativos) e "possíveis" (com indícios). Os únicos países alcançados pela formação que ainda não haviam perfurado na região eram o Brasil e a Guiana Francesa. Agora, só falta um.
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