Um ano e meio depois do anúncio do fim da produção de veículos da Ford no Brasil, surge um novo sinal de alerta das montadoras no Brasil.
Agora, a Mercedes-Benz comunicou a reestruturação de sua fábrica de caminhões e ônibus, em São Bernardo do Campo (SP), com o corte de 2,2 mil empregos por meio de um programa de demissões incentivadas, e a não renovação de 1,4 mil contratos temporários.
Esse enxugamento do quadro representa cerca de um terço do quadro de pessoal da companhia. Ao justificar as medidas ao jornal Valor Econômico, presidente da montadora no Brasil, o alemão Achim Puchert, disse que 2011 foi o último ano em que a subsidiária brasileira enviou dividendos para a matriz. Para tentar recuperar rentabilidade, a decisão foi terceirizar parte das atividades até agora executadas nas unidades próprias.
Em julho do ano passado, o então presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e executivo da Mercedes-Benz Luiz Carlos Moraes havia afirmado que havia ociosidade no setor, cenário em que novos investimentos seriam destinados a "países mais competitivos e que tenham disponibilidade de insumos". Para "brigar por esses projetos", detalhou, era necessária uma redução do Custo Brasil "o mais rapidamente possível". Ainda segundo Moraes, sem novos investimentos nas unidades brasileiras, aumentaria o risco de novas saídas de montadoras do país.
De lá para cá, só o que ocorreu para encolher um pouco o Custo Brasil foi uma redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que precisou de quatro decretos sucessivos para produzir efeitos. As montadoras instaladas no Brasil anunciaram investimentos de R$ 20,9 bilhões até 203o, entre as quais a chinesa Great Wall, as também alemãs Volkswagen, BMW e Audi, além de Volvo, Iveco e DAF.