O desejo de comprar dos gaúchos declinou 0,7% em agosto em relação a julho, mas cresceu 3,9% na comparação com igual mês de 2021.
Os resultados da pesquisa de Intenção de Compra das Famílias do Rio Grande do Sul (ICF-RS), da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostram dificuldade em engrenar melhora continuada. Alternando pequenos aumentos e leves quedas, segue 23,4% abaixo do nível da edição de março de 2020 (pré-pandemia).
– Esse indicador pouco conseguiu avançar, mesmo com a redução da inflação. Agosto foi pior do que julho, que havia sido pior do que junho. No acesso a crédito, ainda que tenha tenha ocorrido alguma melhora, a situação é pior do que no ano passado – detalha Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio-RS.
Patrícia destaca um indicador específico, chamado "momento para duráveis", que está muito baixo, em 40%. Explica que se trata da consulta às pessoas se consideram o presente uma boa hora para comprar produtos como fogão e geladeira, de maior valor e mais dependentes de crédito:
– Alimentação é uma necessidade cotidiana. Mas compra de produtos mais duráveis significa comprometer a renda futura. A grande questão é se vai caber no orçamento.
Se inflação e juro altos são causa dessa situação, pondera a economista, a elevada inadimplência é consequência, mas também influi na decisão.
– Raríssimas pessoas compram com intenção de ser inadimplentes. Mas as condições da economia e da vida levam a uma situação na qual não conseguem honrar compromissos feitos no passado. Na hora de pagar as contas, sempre vai optar pelo presente. Daí a avaliação de que não é o momento adequado para compra de duráveis – diz Patrícia.
Para que a intenção de compra volte a subir, argumenta, é fundamental que melhores os indicadores que levaram a essa estagnação, como inflação e juro, mas também que as pessoas se sintam mais seguras em relação ao futuro, já que "perspectivas profissionais" está entre as condicionantes do desejo de compra:
– As pessoas têm de perceber o 'agora' mais confortável e um futuro mais promissor.
Ainda conforme a pesquisa, o índice de emprego de agosto teve aumento de 2,5% ante julho e de 10,6% em relação ao mesmo mês de 2021. Mas o indicador segue 16,1% abaixo do patamar pré-pandemia. A medida de renda atual, que reflete a percepção de renda dos indivíduos, teve queda de 2% frente ao mês anterior e de 4,2% na comparação interanual, consequência da inflação.