Entre as tantas contradições que envolvem a cobrança de imposto de importação de 25% sobre produtos de Canadá e México que entram nos Estados Unidos, uma chama a atenção. Nem um dos principais aliados do presidente Donald Trump escapa do efeito das tarifas: o bilionário Elon Musk, dono da Tesla, que também tem um cargo na Casa Branca.
As ações da gigante de carros elétricos caíram cerca de 5% nesta segunda-feira (3), véspera do início da medida contra o Canadá e um mês antes da primeira leva de taxações sobre produtos do México. Em um único dia, a Tesla teve perda de US$ 60 bilhões em valor de mercado, ou cerca de R$ 350 bilhões na cotação atual. A empresa, no entanto, continua valendo mais de US$ 1 trilhão.
O motivo são as tarifas de Trump. Os carros da Tesla vendidos nos EUA Unidos são montados dentro do país. No entanto, boa parte das autopeças vem do Canadá e do México e deve ficar 25% mais cara após a implementação do imposto de importação.
Um cálculo da Associação Nacional da Indústria de Autopeças do México (INA) mostra que o preço médio dos carros nos Estados Unidos pode aumentar em US$ 3 mil, ou cerca de R$ 18 mil, por elevação do custo de produção. Conforme a organização mexicana, as peças automotivas costumam cruzar as fronteiras de Estados Unidos, Canadá e México até oito vezes durante o processo de produção, o que vai encarecer com imposição de tarifas comerciais.
Os potenciais problemas na cadeia de suprimentos fazem as ações das empresas do setor, incluindo a Tesla, caírem. Os efeitos das tarifas podem afetar o apetite dos consumidores e chegar ao lucro das companhias.
É bom lembrar que Musk e Trump já tiveram uma primeira treta. O bilionário duvidou do primeiro anúncio retumbante de investimento, de US$ 500 bilhões, do presidente dos Estados Unidos, dias antes de a ascensão da DeepSeek reforçar esse ceticismo. Não se sabe até onde vai avançar essa parceria cheia de conflitos de interesses.
*Colaborou João Pedro Cecchini