O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Entre as apostas do governo federal para conter o risco de apagão, está a oferta de Redução Voluntária de Demanda de Energia Elétrica (RVD). O programa, que ainda precisa ser regrado, permite que grandes indústrias recebam compensações por redução de consumo de energia.
Das prováveis empresas com sede no RS enquadradas, Gerdau e Braskem ainda não se manifestaram. CMPC, que, recentemente, anunciou investimento de R$ 2,75 bi no Estado, afirma, em nota, que é autossuficiente. Isso porque a unidade de Guaíba conta com duas caldeiras de recuperação, onde o material excedente da produção de celulose é usado para gerar de energia limpa.
Além de não sobrecarregar a rede, comercializa o excedente para o Sistema Integrado Nacional. Em 2020, por exemplo, exportou 101 mil MWh de energia limpa para a rede pública, o suficiente para abastecer uma cidade de 40 mil habitantes por um ano, segundo o texto.
O professor Guilherme Fernandes Marques, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos (Gespla) da Ufrgs comenta que a gestão de demanda, neste momento, é necessária. No entanto, em crises extensas como a atual, não se pode perder de vista o futuro. Ele diz que, em longo prazo, será preciso melhorar a infraestrutura hídrica, com a redução da poluição nos rios. E afirma que municípios têm um papel fundamental, sobretudo, na constituição de planos de saneamento básico.
Por coincidência, o assunto está no centro das atenções da Assembleia Legislativa (AL), há mais de um mês. Na terça-feira (31), a regionalização do saneamento deve trancar a pauta de votações. Na segunda-feira (23), o presidente da AL, Gabriel Souza (MDB) apresentou uma alternativa aos projetos do Estado em tramitação, atualmente.
Uma das alterações sugeridas por Souza é, justamente, a inclusão dos comitês das 25 bacias hidrográficas gaúchas como fator preponderante para a formação dos novos blocos de concessão entre municípios. A discussão acontece no calor da crise hídrica e do risco de apagão, sem que a devida relação entre os temas domine o debate até o momento.
Agora, as luzes da futura capacidade hídrica do RS, também para a geração de eletricidade, pairam sobre o parlamento gaúcho Pelo menos, enquanto houver energia.