
O surpreendentemente negativo resultado do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre, que teve recuo de 0,3%, condicionou os negócios nesta quinta-feira (30). No Brasil, interrompeu uma sequência de oito baixas no câmbio, e o dólar fechou em alta firme de 0,82%, para R$ 5,676.
Depois de se aproximar do recorde histórico com os recuos de Trump, a bolsa de valores no Brasil murchou, embora com discrição (0,1%). Acompanhou os sinais da bolsa de Nova York, que ficaram no vermelho durante quase todo o pregão, mas fechou em positivos quase teóricos (0,35% no índice mais tradicional, 0,15% no mais abrangente).
Também houve impacto no preço do petróleo: os contratos futuros do tipo brent, principal referência mundial, para julho caíram 3,51%, a US$ 61,06 por barril, na Intercontinental Exchange (ICE) de Londres.
O recuo no primeiro trimestre não era esperado. A média das expectativas estava por volta de 0,4% positivo. Embora o PIB seja do período de janeiro a março, antes do famigerado Dia da Libertação, o 2 de abril, já foi impactado por tarifas anunciadas e em vigor antes dessa data. Conforme o próprio BEA, um dos indicadores que puxou o resultado para baixo foi o aumento de importações, que contam negativamente para o PIB.
E as compras no Exterior, como se sabe, aumentaram por tentativa de antecipar os pedidos antes que as novas alíquotas entrassem em vigor. Outro elemento de baixa, mas que o BEA considerou "imensurável", foi a série de incêndios na Califórnia, um dos Estados mais ricos dos EUA. Para configurar o temido cenário de estagflação, a inflação atingiu 3,4% no primeiro trimestre, muito acima dos 2,2% dos três últimos meses de 2024.
Um trimestre de recuo no PIB é ruim, mas ainda não configura a chamada "recessão técnica", determinada por dois períodos seguidos de três meses com baixa na atividade. No entanto, o risco de que isso ocorra depois de junho é alto, como advertiram vários economistas, de bancos a universidades. Os EUA não tinham resultado negativo no PIB desde o quarto trimestre de 2022, ainda influenciado pela pandemia.