Depois do sucesso do Pix e ao mesmo tempo em que prepara o lançamento do real virtual, o Banco Central (BC) vai mudar uma das iniciativas que, conforme definições de interessados, "vão sacudir o mercado bancário".
Em live organizada nesta segunda-feira (24) pela eB Capital, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, informou que uma das iniciativas que tem como um dos objetivos desconcentrar o sistema financeiro no Brasil, o open banking, passará a ser open finance.
Segundo Campos Neto, o novo nome tem mais sentido, inclusive diante dos objetivos da iniciativa:
— Vamos fazer diversas fases e terminar ao longo de 2021, basicamente entendendo que o mundo financeiro é um mundo de dados, tudo o que se vê em termos de ganhos de valor tem sido através de interpretação de dados. É um projeto que democratiza bastante a indústria de dados, que é o que tem gerado crescimento na economia. O que está a caminho não é somente fusão de banco e fintechs. O que está a caminho é fusão de mídias sociais com empresa financeira.
Embora não tenha detalhado a mudança para além dessa descrição, Campos Neto afirmou ser fã de temas de digitalização e conquistou servidores do Banco Central para essa tendência. Também mencionou a criação do real digital, e em seguida ouviu uma pergunta sobre a real necessidade de uma nova moeda eletrônica diante do avanço do Pix, que já superou, em número de operações, DOCs, TEDs e até boletos. E causou surpresa com a resposta:
— A gente também se pergunta isso. Adiantamos o Pix para evitar fragmentação, mas temos de pensar como serão os negócios do futuro. Em algum momento, vai haver um movimento de tokenização (de tokens, contratos digitais e inteligentes que representam legalmente uma fração do ativo) via alguma plataforma de blockchain (tecnologia que está na origem do bitcoin). Independentemente de gostar ou não, há um networking muito proveitoso. Deve haver uma convergência de plataformas que anunciem, vendam e permitam o pagamento em um só lugar. O pagamento por WhatsApp já está aí. E nesse momento, uma moeda digital se encaixa melhor.
O que é open banking, agora open financing
O princípio é de que os dados bancários pertencem aos clientes e não às instituições. Por isso, o BC vai exigir que as instituições financeiras cedam essas informações sem qualquer custo quando o cliente solicitar e autorizar. O objetivo é permitir que as pessoas movimentem suas contas em diferentes plataformas, e não só pelo aplicativo ou site do banco à qual estão ligadas. A aplicação será possível por meio de uma tecnologia chamada interface de programação de aplicativos, conhecida pela sigla em inglês API. É um conjunto de padrões de programações que permite interação entre sistemas diferentes, inclusive não financeiros. A previsão de entrada em vigor no Brasil é 30 de novembro. Veja mais detalhes na áreas do BC destinada ao assunto clicando aqui (ainda sob o nome open banking).