Apesar de terminar um pouco melhor do que começou, e menos pior do que se temia, 2016 foi um ano penoso, que insistiu em acumular más notícias para os brasileiros. A essa altura, estamos todos exaustos – e alguns de nós riscam o calendário com a ansiedade de um prisioneiro. Mudar a data não altera o cenário, mas o efeito psicológico de recarregar energias sempre ajuda.
Antes que as cortinas se fechassem, ainda ficamos sabendo do reajuste a categorias de servidores federais. Representam aumento de R$ 3,8 bilhões nos gastos do governo no primeiro ano de vigência no novo arranjo orçamentário, que impõe limite da variação da inflação sobre as despesas do ano anterior.
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“Ir para um novo teto” é uma expressão que sempre teve sentido positivo, mas esse novo significado ainda está em disputa. Será testado na forma de aplicação da regra e nas escolhas de prioridades, para que fique dentro da cobertura o que seja de fato essencial e democrático. Concedido o benefício da dúvida de que a medida era necessária e será bem aplicada, a extensa lista de providências para recolocar a economia nos trilhos tem um item realizado.
Há bons motivos para manter a esperança acesa na próxima etapa do calendário: há expectativa de queda significativa no juro, de que o pacote inicial de concessões deslanche, atraindo investimento, que se consolidem os sinais de recuperação. A lista de riscos também é extensa: vai dos imprevisíveis efeitos das delações no âmbito da Lava-Jato ao impacto das medidas adotadas pelo presidente Donald Trump a partir da posse, no dia 20 de janeiro.
Projeções sobre o ritmo da economia vão de otimistas 2% de crescimento até nova queda de 0,2%, mas os últimos anos nos mostraram que é melhor medir esse pulso de perto. Quem passou por 2016 sabe: é preciso construir o espaço de sobrevivência.