O publicitário alagoano Ronaldo Tenório percebeu, em 2008, que poderia mudar, por meio da tecnologia, a rotina de quem muitas vezes é esquecido. Cinco anos depois, ao lado de dois sócios, lançou o aplicativo Hand Talk, cuja missão é auxiliar na comunicação de surdos.
A ferramenta tem como personagem o boneco Hugo, que traduz o português oral e escrito para Libras. Em 2013, a startup recebeu o prêmio de melhor aplicativo social do mundo pela ONU.
Tenório, que aprendeu a dizer "Eu te amo" na língua de sinais (foto), participará nesta segunda-feira de evento sobre empreendedorismo na Unisinos, em São Leopoldo. Virá ao Estado sem "nem passar em casa" após viagem a Boston, nos Estados Unidos. O país, aliás, está na mira da expansão da startup do alagoano de 30 anos, considerado pela revista americana Forbes um dos jovens mais promissores do Brasil.
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Confira a entrevista de Tenório:
RUMO AO EXTERIOR
"Antes do aplicativo, trabalhava em uma agência de publicidade. Vendi a empresa em 2013 porque a Hand Talk tinha algo a mais. Poderia dar resposta financeira e retorno para as pessoas. A ideia do aplicativo surgiu em 2008, quando cursava Publicidade e Propaganda. Em um trabalho acadêmico, percebi que poderia mudar vidas com tecnologia e inovação. Não conhecia surdos e comecei a pesquisar sobre Libras. Em 2013, recebemos investimento para lançar o aplicativo, que tem mais de 1 milhão de downloads. Esperamos levá-lo aos Estados Unidos em 2017."
REFERÊNCIA NA TERRA NATAL
"Abrimos portas para que outras ideias surgissem em Alagoas. Hoje há forte movimento de inovação no Estado. A galera entrou no clima, com coragem para botar a cara no mercado. Fomos a primeira startup de sucesso de lá."
DE NORTE A SUL
Temos usuários em todos os Estados brasileiros. No Rio Grande do Sul, há grande receptividade. Em Novo Hamburgo, uma senhora não se comunicava bem com o filho de 30 anos, que é surdo. Ao conhecer o aplicativo, correu para casa e pôde transmitir o que sentia por ele. O Hugo é muito mais do que tradutor. Chegamos a lugares em que não imaginávamos estar."
SOLO PRODUTIVO
"Há cada vez mais gente criando no Brasil. Startup está na moda, mas é um negócio como outros. É preciso pagar contas, ter vendas, atingir metas, e não apenas ter ideias. Tem de ralar muito. Em relação a 2012, quando inscrevemos o projeto do aplicativo pela primeira vez em prêmios, o terreno está mais fértil hoje. A informação para startups está muito mais mastigada."