Para não ser privatizada, como disse seu novo presidente, Pedro Parente, à Rádio Gaúcha, a Petrobras precisa encolher. Desde o ano passado essa estratégia estava sendo desenhada e aplicada na empresa. Parente deverá apertar os parafusos da reforma iniciada por Aldemir Bendine, com outro estilo de gestão, até mais transparente. Ao contrário de Bendine, Parente já assumiu dizendo ser favorável ao fim da obrigatoriedade da participação de 30% da estatal em toda a exploração do pré-sal.
Não é uma questão de preferência, mas de necessidade: a Petrobras não tem mais capacidade de comparecer com esse grau de comprometimento financeiro nos projetos do pré-sal. Em reunião com representantes da indústria nacional, Roberto Moro, diretor de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia, avisou que o investimento anual da estatal, antes da ordem de US$ 40 bilhões anuais, deverá ser reduzido à metade.
Embora a posição de Parente não surpreenda, é a primeira vez que um presidente da estatal expõe abertamente essa opinião. Quem acompanha mais de perto a situação da estatal sabe eque não é mais uma questão de escolha. Ainda em 2014, Haroldo Lima, ex-diretor-geral da agência reguladora do setor conhecido por suas posições nacionalistas, ponderava que a Petrobras poderia ter “preferência”, mas não deveria ser obrigada a tocar 30% da operação de todas as áreas do pré-sal.
À indústria, Moro – o diretor, não o juiz – deixou claro que o foco da estatal é a exploração e produção de petróleo. Todas as demais atividades deverão ser desaceleradas. Fornecedores veem uma oportunidade de surgimento de novos operadores. Mas abrir mão da exclusividade não quer dizer abandonar o pré-sal. Moro contou com orgulho que o custo da abertura de um poço no pré-sal caiu cerca de 70% em menos de 10 anos, de US$ 250 milhões para US$ 80 milhões.