Todo técnico é teimoso. É uma regra. E nesta hora você pode pensar até nos melhores, porque eles também teimam. A diferença do Guardiola para o Renato é que o espanhol dificilmente ouvirá o coro de uma só palavra e que todo o técnico ouve no Brasil. Você sabe de qual coro estou falando, ne?
Antigamente, todo jovem que começava a trabalhar na TV era chamado por alguém mais experiente no veículo para ouvir uma frase genial:
— É proibido brigar com a imagem.
Como todas as frases geniais, ela é simples e sem arestas. E ainda tem uma adaptação que se encaixa perfeitamente no futebol. Quem já não ouviu a pérola "o campo fala"?
Renato escalou Monsalve contra o Athletico-PR. O jovem foi bem e fez gol. Contra o Cuiabá, o colombiano deu uma assistência de milhões.
Veio o Fluminense, Libertadores, e o mundo tricolor pedia Monsalve como titular, mas ele ficou no banco. O futebol é um jogo de ação e reação e, graças ao gol do Fluminense, Renato colocou em prática uma das "leis do Guerrinha" e fez, acreditem, o óbvio: colocou os melhores.
A virada para o 2 a 1 tem a participação de todo o time, é claro, com protagonismo do Reinaldo, mas principalmente com Monsalve, o agente que potencializou os companheiros em campo. Ele entrou na vaga de Cristaldo e Gustavinho na vaga de Pavon.
Com as mudanças, Soteldo passou a infernizar o guri Esquerdinha, Monsalve se conectou com Braithwaite no meio e Gustavinho prendeu Samuel Xavier na outra ponta. Duas mexidas, três preocupações para Mano Menezes e um novo time. Sem o intocável Pavón.
Um velho diretor que tive lá na Globo repetia outra frase que é perfeita para esse momento: técnico só mexe bem porque escala mal. A bola pune e o campo fala. E eu sei que estátuas não falam, nem ouvem. Mas o que fica na beira do campo é o homem e não sua reprodução merecida na esplanada da Arena.
O homem que é pago para tomar decisões, esse fala, vê e ouve. Na próxima terça (20), no Maracanã, insistir com Pavon é brigar com a imagem, é não ouvir o campo e chamar aquele coro com força.