Os dois maiores escândalos da arbitragem brasileira, nos últimos 20 anos, têm o mesmo favorecido e os mesmos prejudicados. O pênalti que o VAR inventou, na última quinta-feira, em Itaquera, foi mais um capítulo da série que todos já sabem o final. É aquele que o Corinthians sempre festeja e a dupla Gre-Nal sempre chora.
Na tarde de 2005 em que o árbitro expulsou Tinga, o Brasil não acreditou no que viu. Na noite do ano passado em que o árbitro e o VAR não viram o bloqueio de vôlei de Yuri Alberto, o Brasil não acreditou de novo.
O trio Renato Portaluppi, Antônio Brum e Alberto Guerra reclamou alto depois da partida que terminou empatada em 2 a 2, e eles estão certos. O problema é que nesta sexta-feira nenhum programa em rede nacional vai dar mais espaço ao pênalti inventado do que o resultado heroico que mantém o Corinthians fora do Z-4, o golaço do argentino Garro ou qualquer outro assunto. Qualquer um. Se envolver o Flamengo, então, aí é coisa para mais de uma hora sem interrupções.
E esse peso diferente para quem não é Corinthians ou Flamengo é o motivo principal das escolhas de vários árbitros, nos lances mais capitais, desde que as competições nacionais existem. Pense comigo: imagine a situação na Arena do Corinthians ao contrário. Imagine que o pênalti inventado foi para o Grêmio. Imagine o espaço que este "absurdo" ganharia nos programas das grandes redes? Eles estão diante das maiores torcidas, os programas têm as maiores audiências, estão no Rio e São Paulo, e os árbitros não querem ser alvos por horas e horas todas as semanas em rede nacional. Eles morrem de medo que seus nomes sejam repetidos e condenados. Na dúvida e na fraqueza você acha que eles vão favorecer quem? Eureka!
O mata-mata que começa na próxima quarta-feira é de alto risco para o Grêmio e o tom das entrevistas do técnico e os dirigentes do futebol estava certo e não pode terminar. Não foram poucas as batalhas que começaram aqui no cantinho do Brasil e que chegaram lá no centro do país. O Rio Grande tem dois campeões mundiais. Nunca foi fácil, nem impossível. O jogo deixou claro que o Grêmio pode passar pelo Corinthians. Se tivesse a Arena eu diria que a classificação era certa, mas o triunfo só irá acontecer se a vigilância for reforçada no ponto capaz de desequilibrar o duelo. Porque em 2005 o Corinthians tinha um timaço, mais o reforço do árbitro, o elemento surpresa, que decidiu o jogo. Hoje, o Corinthians não tem um timaço, mas tem reforço novo que já nasceu com nome no BID: o VAR. Foi assim no ano passado e foi assim esse ano. Igualzinho.
Chegou a hora da direção seguir em campo. O melhor jeito de marcar o Corinthians dentro das quatro linhas é assunto pro Renato, mas a marcação na arbitragem e, principalmente, no VAR, isso é missão para os dirigentes. Brum, aquece! Guerra, aquece!