Ele existe porque, na cidade mais distante do país mais distante e no campo mais esburacado, sempre que dois times estão jogando, alguém está torcendo. É lindo e simples assim. O futebol só existe porque existe o torcedor.
A campanha "Pra cima, Rio Grande!", lançada pela RBS é um chamamento muito parecido com aqueles feitos por jogadores e dirigentes nos momentos mais importantes dos times. Bem naquela hora que lutar juntos é a única solução possível. Juntos pela vitória improvável, juntos pelo grande título e agora, depois da maior tragédia climática da nossa história, juntos pela reconstrução das nossas casas, cidades e do nosso Estado.
E o futebol é tão maravilhoso que suas mensagens, muitas vezes, não precisam de grandes explicações. O time colorado pronto para entrar em campo, na Arena Barueri, foi a imagem do futebol mundial na noite em que os gaúchos voltaram a jogar. O primeiro jogador mostrado na transmissão de TV foi o capitão Alan Patrick e sua camisa estava embarrada.
A dele, de todos os seus companheiros e a de cada pessoa afetada ou que trabalhou como voluntária nos dias mais aterrorizantes da nossa terra. A ideia da camisa embarrada é tão simbólica quanto genial. A facilidade do compartilhamento nas redes sociais fez ela circular rápido, ganhar manchetes e gerar o que era mais urgente: reflexão e ação.
Um dia depois, na volta do Grêmio, a bandeira do Rio Grande nas mãos de Renato deu uma volta olímpica no gramado do Coxa, em Curitiba. Era um time jogando por seu lugar e reforçando a mensagem do rival um dia antes. Estamos feridos, cansados, sem casa para treinar ou jogar, mas em pé!
Nos dias seguintes e cheios de jogos atrasados que precisavam ser jogados, o Inter lotou o Alfredo Jaconi e vai para o playoff com o Rosario Central, da Argentina, para lutar pela permanência na Copa Sul-Americana porque 2024 pode ser o ano do bicampeonato. O Grêmio lotou o Couto Pereira e vai pegar o atual campeão da América Fluminense na próxima fase da Libertadores. O sonho do tetra está vivo.
E assim, aos poucos, cada verbo vai ganhando sua importância. SALVAR, RECONSTRUIR, APURAR e PUNIR. Nesta ordem. Porque os homens na terra não podem culpar apenas os céus.
Reconstruir, esse é o verbo da hora!
"Pra cima, Rio Grande!", essa é a campanha.