O que deveria ter sido feito para que Kerollyn Souza Ferreira, de nove anos, estivesse viva hoje e se preparando para ir à escola na segunda-feira, como tantos milhões de brasileirinhos? Ninguém via que a menina dormia por vezes em um carro abandonado? Os representantes do conselho tutelar não perceberam algo de muito errado? Se notaram, por que não agiram antes que fosse tarde? Se não notaram, outros tantos meninos e meninas em condições similares não estão, eles também, à beira de uma fatalidade? Este é o procedimento-padrão estabelecido por leis e regramentos? Se o é, alguém acha que o modelo é eficiente? Se não é, por que é adotado? Está certa a crença dos conselhos tutelares de que devem tentar de tudo para que os filhos sejam mantidos na família? Qual o limite para essa crença? Estão conselhos e conselheiros preparados e conscientes para fazer as avaliações decisivas em questões tão subjetivas? É melhor prevenir do que remediar ou é melhor insistir em uma situação que pode fugir do controle? Como identificar com clareza as circunstâncias de alto risco quando elas não estão tão evidentes, como marcas de violência e agressão? Com tantos registros de ocorrências de pais e parentes, não era para desconfiar de que a ameaça a Kerollyn era real e iminente?
Infância assassinada
Opinião
Só perguntas
Aprendemos alguma coisa com o caso Bernardo? Vamos aprender algo com o caso Kerollyn?
Marcelo Rech
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