
O Mirassol que recebe o Grêmio nesta quarta-feira (16) é prova de que organização, gestão responsável e planejamento fazem o futebol brotar onde nem se imagina. Mirassol é uma cidade fora do eixo da bola.
Está muito mais perto da divisa com o Mato Grosso do Sul (190 quilômetros) do que da capital São Paulo (464 quilômetros). Só mesmo com muito trabalho para uma cidade de pouco mais de 60 mil habitantes se colocar no mapa do Brasileirão.
É como se Cruz Alta ou São Borja, por exemplo, tivessem escalado divisões e se imiscuído entre Flamengo, Palmeiras, Corinthians e outros mais. O sucesso do Mirassol tem um personagem: Edson Ermenegildo.

Presidente do clube há 30 anos, prefeito há cinco e delegado da cidade por mais de 44 anos. Foi a partir da chegada dele e de seu vice, Júnior Antunes, que o Mirassol deixou de ser apenas um ponto amarelo no mapa.
O trabalho fez com que o Mirassol comemorasse seu centenário na Série A do Brasileirão. Até 1997, quando ganhou a A-3 Paulista, nunca havia conquistado um título. Em 2008, pisou pela primeira vez na elite estadual.
Caiu em 2013, mas voltou em 2017 para nunca mais sair. No cenário nacional, em 2019, era clube fora de série. Iniciou sua escalada em 2020 e, com os títulos das Série C e D, chegou à Série A do Brasileirão em cinco anos. Não foi acaso.
Em 2018, o Mirassol tomou a decisão que mudaria sua vida. O clube recebeu R$ 8 milhões, pelos 30% da venda de Luiz Araújo para o Lille. O atacante, hoje no Flamengo, havia sido formado na sua base e negociado com o São Paulo um ano antes. Desse valor, R$ 6,5 milhões foram investidos na construção do CT, localizado numa zona rural da cidade e cercado pelos canaviais.
Desde lá, o Mirassol não parou mais de colocar dinheiro na sua fábrica de Luiz Araújos. Ao todo, já gastou R$ 15 milhões e construiu uma estrutura que muitos clubes grandes (como a dupla Gre-Nal) não oferecem para seus grupos profissionais.
Tecnologia de ponta
O centro de treinamento foi inspirado no do Palmeiras, uma referência nacional. Com área de 1,5 mil m², o espaço conta hoje com quatro campos, 20 apartamentos para 40 pessoas, e tecncologia de ponta em academia e salas de fisiologia e fisioterapia.
A última aquisição foi uma câmara de flutuação, comprada por R$ 110 mil e, até o final de 2024, única na América Latina (o Flamengo comprou uma em outubro). O equipamento é muito usado para recuperação de atletas na NBA e na NFL.
A sessão consiste em 40 ou 50 minutos de flutuação em água com sais. O que equivale a relaxamento de seis horas em sono profundo.
Outro aparelho comprado pelo clube é o Kineo, avaliado em R$ 400 mil. A máquina identifica o grau de dor do atleta e calcula a carga certa e a angulação que ele pode fazer no exercício de peso. É uma espécie de scanner da dor.
Imagina você chegar na academia e, ao sentar no aparelho, ele calcular seu exercício. É algo próximo disso. Até fevereiro, o ex-preparador da Dupla Flávio Oliveira era quem coordenava o departamento científico.
Investimento no estádio e no elenco
O clube também investiu forte para adequar o Estádio Maião à Série A. Foram gastos mais de R$ 8 milhões em melhorias e numa fachada em estilo europeu.
A vida na elite obrigou também a apostar em um grupo mais rodado, com alguns nomes conhecidos daqui do Sul como David Braz, Reinaldo e Léo Gamalho. Na janela dos Estaduais, o Mirassol foi quem mais contratou.
A partida contra o Grêmio será a segunda em casa e há aflição pela conquista da histórica primeira vitória na elite.
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