Em meio a colônias alemãs, imigrantes italianos chegaram no início do século 20 ao interior de Rolante, no Vale do Paranhana. A comunidade de Boa Esperança foi formada por famílias como os Longo, Cambruzzi, Lamonatto, Lazzari, Trentim e Rossi. Em busca de terras mais baratas, que pertenciam a Santo Antônio da Patrulha, colonos deixaram seus lotes na Serra gaúcha.
Depois de derrubarem parte da mata, produziram trigo, milho, uva e outros alimentos para subsistência. Na região, viram as famílias crescerem. Preocupados com a educação, Jorge Valandro foi o primeiro professor em 1933. Como em outras colônias italianas, a fé fez erguerem a igreja em 1935. A velha igrejinha deu lugar à atual, construída na década de 1950. A bela casa paroquial, de 1936, continua recebendo atividades da comunidade católica.
No salão paroquial de Nossa Senhora de Caravaggio, uma exposição mostra a história resgatada pelas moradoras Josiane Gabriela Sbardelotto e Lisiane Bonetto Prezzi. Com base nas memórias das famílias e outras pesquisas, descobriram que os antepassados saíram de Caxias do Sul, Farroupilha e Bento Gonçalves. Não estava fácil pagar pelos lotes na Serra. Na mudança, buscaram vida melhor, a boa esperança.
Na área montanhosa, em Rolante, subiam pelas picadas. Com ajuda de mulas ou cavalos, transportaram a pouca bagagem, de roupas e ferramentas. Construíram casas e móveis com a madeira da floresta. Na antiga escola, uma foto de 1947 mostra o grande número de crianças da comunidade. Na época, eram em torno de 150 alunos, um contraste com os seis que frequentam as aulas hoje. Mesmo pequena, a Escola General Osório, mantida pela prefeitura, é importante para preservação das raízes desta comunidade.
Boa Esperança teve Festa da Uva em 1963, inclusive com a visita do governador Ildo Meneghetti. Na roda d´água, poucos anos antes, chegou a energia elétrica. Nas décadas de 1960 e 1970, muitas pessoas deixaram a localidade, atraídas pelos empregos da indústria calçadista. A comunidade é formada atualmente por quase 90 famílias.
Entre os italianos também viviam alguns alemães. Era o caso de Altur Edmundo Finger, casado com Marieta Boniatti. Nas terras do casal, fica a vinícola do bisneto Andrei Finger, presidente da Associação Caminho das Pipas (ACAPI). O grupo formado por oito vinícolas, pousada e minimercado mantém a tradição dos italianos em um roteiro turístico.
Em Boa Esperança, a rota turística já está asfaltada, mas a ligação com a área urbana de Rolante ainda tem 11 quilômetros de estrada de chão. É um entrave para aumentar o movimento neste recanto da colonização italiana no Vale do Paranhana.
Rolante
Emancipado de Santo Antônio da Patrulha, o município foi instalado em 28 de fevereiro de 1955. Conhecida como Capital Nacional da Cuca, orgulhosamente, a comunidade lembra que é a terra do músico Teixeirinha, nascido na localidade da Mascarada.
A origem do nome está relacionada ao Rio Rolante, um afluente do Rio dos Sinos. No livro Origem dos nomes dos municípios gaúchos e seus distritos, Jacy Waldyr Fischer descreve que o nome do rio "proveio do fato do mesmo ser impetuoso e violento nas suas cheias, levando tudo de roldão".