
Um gaúcho atraiu multidões de curiosos no Rio de Janeiro em 1921. Por onde Francisco Ângelo Guerreiro passava, todos ficavam surpresos. O motivo era a altura: 2,17m. O gigante deixou o Rio Grande do Sul imaginando que ficaria rico fazendo exibições, mas não realizou o sonho de voltar e comprar uma fazenda para criação de gado.
As botas do gigante estão no acervo do Museu Julio de Castilhos, em Porto Alegre. Atualmente, em função da reforma das casas, não estão em exposição. Chico, como era chamado pelos mais próximos, morreu em 12 de agosto de 1921, no Rio de Janeiro. O jovem de 22 anos não resistiu à pneumonia provocada por gripe. O gigante estava em exibição desde o início de julho na capital federal.
Levado pelos empresários João Mutti e Manoel Aydos Corrêa, em maio de 1921, Francisco partiu de Porto Alegre em turnê, passando por Pelotas e Rio Grande, onde foram fabricadas as famosas botas tamanho 58. A viagem seguiu por Santa Catarina. Em Tijucas, o anão Rufino Nicolau foi incorporado à trupe.
Em Curitiba, Narcisa Alves de Miranda, funcionária do hotel onde estavam hospedados, se apaixonou pelo gigante. Os dois se casaram e ela partiu com o grupo.
A chegada ao Rio de Janeiro foi amplamente divulgada pela imprensa. Com cobrança de ingresso, ocorreram sessões para exibição do "agigantado exemplar de gaúcho", como noticiou o Correio da Manhã. As apresentações do gigante e do anão foram no Cine Parisiense e numa casa na Rua Marechal Floriano.
Em Florianópolis e no Rio, a polícia foi acionada para conferir denúncias de exploração do gigante. Nos depoimentos, Francisco explicou que estava fazendo a turnê por vontade própria e concordava com a forma de divisão dos lucros das exibições.
Os empresários planejavam a viagem a São Paulo, quando o gaúcho morreu. O enterro atraiu muita gente no Rio de Janeiro. O Correio da Manhã noticiou que Francisco nasceu em 16 de junho de 1899, na localidade de Novo Paraíso, em Júlio de Castilhos, atualmente município de Nova Palma.
Antes de partir para o Rio de Janeiro, Francisco foi examinado pelos médicos Heitor Annes Dias e Luiz Nogueira Flores, da Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Eles o diagnosticaram com "gigantismo acromegálico". No estudo publicado na 7ª edição da Revista dos Cursos, apresentaram as medidas do corpo: 2,176 metros de altura. Os pés mediam 38 centímetros. O gigante contou aos médicos que aos 8 anos começou a crescer muito e que, aos 15 anos, notou que as extremidades aumentavam mais rapidamente.

As botas chegaram ao Museu Julio de Castilhos em 1925. Em 1928, a ossada de Francisco Guerreiro foi enviada do Rio de Janeiro para a Faculdade de Medicina de Porto Alegre.