O Colégio Estadual Júlio de Castilhos, chamado carinhosamente de Julinho, já é um patrimônio tombado de Porto Alegre. A confirmação constou no Diário Oficial do município de terça-feira (31).
Nas justificativas apresentadas pela Secretaria Municipal da Cultura e Economia Criativa, o projeto, concedido em 1954 pelos arquitetos Demétrio Ribeiro e Enilda Ribeiro para uma escola pública, é considerado auspicioso. A construção é descrita como modernista, com solução arquitetônica - funcional, volumétrica, de implantação, tecnológica e econômica. A sede atual da escola completou 65 anos em junho.
"A obra é do consagrado arquiteto Demétrio Ribeiro, nascido em 1916, formado no Uruguai, autor de importantes projetos na Capital e Estado, professor emérito da UFRGS e autor de diversos livros. O colégio é considerado ícone simbólico presente na memória dos Porto-alegrenses. Tais aspectos justificam o mérito para tombamento do imóvel pelos valores histórico, arquitetônico, paisagístico, técnico, funcional, de uso, simbólico e educativo", diz o documento assinado pelo secretário Henry Ventura.
O tombamento ainda é provisório. Segundo a assessoria da pasta, os projetos estão em fase final de elaboração. O processo foi iniciado em 2016. O colégio é conhecido por ter recebido personalidades políticas, intelectuais e cientistas como Leonel Brizola, Ibsen Pinheiro, Paulo Brossard, Moacyr Scliar, entre outros.
O arquiteto e urbanista morreu em 2003, aos 87 anos. A concepção do prédio inaugurado em 1958, deu-se após Demétrio e sua mulher, Enilda (falecida em 2010), vencerem um concurso. A antiga sede do colégio, na Avenida João Pessoa, havia sido parcialmente destruída por um incêndio em 1951.
Julinho
O apelido apareceu em 1945. A escola participava de um campeonato estudantil de futebol e os torcedores adversários, para fazer chacota, gritavam “Julinho, Julinho, Julinho”, de forma pejorativa. A provocação teve efeito contrário, e a alcunha pegou entre alunos e professores da própria escola, sendo assim conhecido até hoje.
Homenagem ao avô
Demétrio Ribeiro carregou o mesmo nome do avô, importante fazendeiro, político e engenheiro gaúcho, homenageado com a denominação de uma rua no Centro Histórico de Porto Alegre. O avô, que viveu entre 1853 e 1933, foi o primeiro ministro da Agricultura no Brasil República.