A decisão da Arquidiocese de Porto Alegre não surpreende. Não é de hoje que se apontavam as imprudências registradas durante a tradicional procissão de motos de Nossa Senhora Aparecida na Capital.
Para punir infratores, a punição acaba recaindo também em quem fazia a devoção de maneira organizada e respeitosa. Era uma maioria silenciosa.
O barulho ensurdecedor dos veículos, que parte de seus condutores fazia questão de demonstrar, abuso de velocidade, placas de trânsito encobertas, motos passando no sinal vermelho, pilotos empinando seus veículos eram algumas das tantas irregularidades cometidas ao longo, antes e depois da celebração.
Em 2019 já não se aguentava mais o que ocorria. No ano seguinte, o evento foi cancelado por causa da pandemia. Mesmo assim, os baderneios saíram às ruas.
No ano passado, um motociclista perdeu a vida no dia da procissão. Em número ínfimo perto dos mais de 30 mil participantes, os fiscais de trânsito não tinham olhos suficientes para aplicar multas.
Então, o resultado era mais que esperado. A Arquidiocese informa que buscará outras formas de realizar o evento. Repito aqui o que disse há quase quatro anos: por que não pensar em uma ação de doação de sangue? Por que não uma grande mobilização de arrecadação de alimentos? Vamos aproveitar a data e arrecadar brinquedos para as crianças.
Mas, se a ideia for fazer uma exibição das motos e da destreza que seus pilotos têm, que se alugue o Autódromo de Tarumã. Ao final deste evento, então, poderia se protagonizar a tradicional bênção dos motociclistas e dos capacetes.
E já alerto a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC): não desmobilize o número de agentes que atua no dia da procissão. Os baderneiros vão ir às ruas de qualquer forma.