Claro que a vida nos ensina a sermos mais sábios, mas é discutível que este progresso compense integralmente o tamanho da perda que resulta da morte gradual da inocência. É uma pena que aquela pureza ingênua tenha mesmo de ficar confinada a esta fase da vida, e que a inocência seja triturada pelos anos depois que descobrimos que a sinceridade absoluta é incompatível com as relações civilizadas e que alguma hipocrisia é indispensável no convívio social. Mas voltemos à infância, quando ainda não sabemos disso. Se os pais se deslumbram com as façanhas dos filhos, que ao descobrirem a palavra produzem pérolas diárias, é fácil imaginar o que ouvem os pediatras que são os privilegiados assistentes das manifestações mais espontâneas e criativas desses seres humanos em formação, inesperadamente confrontados com uma realidade nova, injusta e assustadora: a doença.
Palavra de médico
O que dizem as crianças diante da doença
É uma pena que aquela pureza ingênua tenha mesmo de ficar confinada à infância, cheia de espontaneidade e criatividade