Depois de muitos anos, nem sei exatamente quantos, encontrei-o na praia, em Vitória. Caminhava com aquela lerdeza de quem saiu de casa determinado a ir a lugar algum. Com mais cabelos do que a maioria dos contemporâneos e uma condição física macroscópica invejável, contou-me que, desde que se aposentara de sua função burocrática, há 20 anos, alternava residência na praia e na cidade conforme o clima e o humor. Pareceu surpreso quando lhe perguntei como ocupava o tempo e anunciou como se fosse um diferencial da qualidade: "Eu caminho muito!". "Bom para as pernas", foi o comentário mais inteligente que me ocorreu.
Palavra de médico
O que a gente aposenta quando se aposenta?
É injusto que quem aprendeu o que podia contente-se em esperar a morte
J. J. Camargo