É grande a movimentação no campo da segurança pública, no Rio Grande do Sul e em nível nacional.
O delegado Fernando Antônio Sodré de Oliveira, que desde 2019 atuava como delegado regional em Santo Ângelo, assume nesta terça-feira (14) como chefe da Polícia Civil gaúcha. É o primeiro negro a comandar a instituição desde que ela foi criada, há 181 anos.
Ele terá como sub outro policial experiente, o delegado Heraldo Chaves Guerreiro, que ocupava o cargo de secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
No efeito cascata, várias diretorias da Polícia Civil foram trocadas. Mudou o Deic, o Departamento de Homicídios e delegados que aí estavam reforçarão algumas regionais da Região Metropolitana.
A ideia é manter o RS Seguro, programa estruturante focado no combate à criminalidade nos 23 municípios mais violentos do Estado. Com trocas pontuais de pessoal. Mudar para não mudar, em princípio.
Na Brigada Militar, foram mantidos os mesmos comandantes. E o secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, é um gaúcho repatriado — atuou em diversos Estados, tanto como delegado da PF como secretário de segurança, além de uma passagem por Portugal, e voltou aos pagos a convite do governador reeleito, Eduardo Leite.
O que muda mesmo é o cenário em nível nacional, no campo da segurança. A Polícia Federal desde janeiro é comandada por um delegado gaúcho, Andrei Rodrigues, ex-responsável pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha eleitoral.
Agora, ele acaba de convocar outro gaúcho para um posto importante na corporação: Alessandro Maciel Lopes, que era delegado regional executivo no Rio Grande do Sul (o segundo na hierarquia da PF) assumirá o cargo, nacional, de coordenador-geral de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, em Brasília. Vinculado à Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado.
Já a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) deve ser comandada por outro gaúcho, embora não tenha sido feito anúncio oficial. É o delegado federal aposentado Luiz Fernando Corrêa, que foi diretor-geral da PF de 2007 a 2011 (durante o segundo governo de Lula). Ele teria sido escolhido justamente para marcar o afastamento da Abin da ingerência militar. Até o governo Bolsonaro, ela fazia parte do guarda-chuva do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chefiado pelo general do Exército Augusto Heleno e composto, fundamentalmente, por militares.
Agora a Abin está vinculada à Casa Civil. A transferência foi feita por Lula para tentar diminuir a influência bolsonarista e militar no órgão, sobretudo após os atos antidemocráticos e a depredação das sedes dos três poderes ocorrida em 8 de janeiro.