
Exércitos de um homem só. É essa a situação em 80 delegacias do Rio Grande do Sul, conforme dado fornecido pela Associação dos Delegados de Polícia (Asdep-RS) ao colunista. São DPs com apenas um servidor, que faz de tudo um pouco: serviço cartorial, investigação e, eventualmente, prisões.
Todos os casos são no Interior. A existência de DPs com um só policial é problema histórico no território gaúcho e não é exceção, no cenário brasileiro. É uma situação que só não é dramática porque todas as cidades contam com equipes de policiais militares, que fazem o policiamento preventivo e repressivo. São o braço mais utilizado e numeroso da segurança pública, enquanto aos policiais civis cabe a tarefa prioritária de esclarecer os crimes. E os PMs contam com eventuais reforços dos Batalhões de Choque, em cada região.
A Asdep ressalta que, na falta de efetivo suficiente para dotar cada cidade gaúcha com um policial civil, a lei 16181/24 (de outubro passado) estabeleceu que a Polícia Civil passaria a pagar sobreaviso aos servidores que são únicos em suas repartições.
— Esses funcionáros são como escravos do Estado. Pra teres uma noção, só numa coordenadoria regional existem 16 delegacias com somente um policial. São servidores que estão de serviço sempre, submetidos ao celular. A lei de outubro estabeleceu que, a partir de 1º de janeiro, esses policiais fariam jus a este adicional. Vamos adiantados em março e nem notícia dese pagamento — comenta o presidente da Asdep, delegado Guilherme Wondracek.
O chefe da Polícia Civil gaúcha, delegado Fernando Sodré, admite a existência das DPs com um só policial e diz que os trâmites administrativos para garantir o pagamento de sobreaviso aos agentes estão em fase de finalização.
— Fui informado de que serão concluídos em seguida, inclusive com pagamento de atrasados — conclui Sodré.
A solução da falta de servidores depende de concursos. Há um para a Polícia Civil, previsto para acontecer em abril.