
Guilherme Fernando Mendonça Huff, 29 anos, exibia uma ficha criminal impressionante para sua idade. Assaltou bancos no Litoral Norte gaúcho e no Sul catarinense. Na fuga, tiroteou com policiais, a justificar o apelido dos assaltantes no submundo, os “Vida Loka”. Como não foram uma, nem duas vezes que ele enfrentou a tiros os agentes da lei, deve ter algo a ver com temperamento. Criminosos espertos se rendem na boa. Huff parece ser do tipo “furioso”, que não aceita a cadeia – também chamada no submundo de “cana dura”, “tranca”, “casarão”.
Era um clínico geral do crime. Apesar dos assaltos, andou também envolvido com tráfico de drogas, especialidade da facção à qual estava ligado, oriunda do Vale do Sinos. Foi pego em flagrante quando ajudava a repassar 841 quilos de maconha de um caminhão para cinco veículos cheios de criminosos, no início deste ano. Talvez planejasse uma vida mais tranquila. No mundo do crime, assaltante virar traficante equivale a uma promoção.
Só que Huff não tinha a serenidade para virar patrão do tráfico. Tentou FUGIR na primeira oportunidade, no início desta semana, talvez ao perceber que não sairia tão cedo do Presídio do Apanhador, uma fortaleza situada num fundo de campo a meio caminho entre Caxias do Sul e São Francisco de Paula. Alegou dores renais e foi levado pelos agentes penitenciários até um posto de saúde caxiense. Lá seus comparsas tentaram seu resgate, mas foram surpreendidos pela reação dos agentes penitenciários. Fugiram.
Tudo poderia ter ficado na tentativa se Huff não demonstrasse quão violento era. Pegou a arma do servidor penitenciário e o matou com vários tiros. Outro agente e duas pessoas não envolvidas no tiroteio ficaram feridas. O bandido irrigou seu currículo com sangue.
Como era previsível, durou pouco a enlouquecida fuga de Huff. Ainda não se sabe de que maneira ele veio parar num apartamento no centro de Porto Alegre. Testemunhas dizem que ele se matou. Parece um desfecho coerente para quem nunca suportou ficar preso. E se encaixa num ditado muito comum entre criminosos, o de que bandido tem três destinos: cadeia, cadeira de rodas ou caixão.