
Importantes ao longo da vida adulta, os cuidados com a saúde ginecológica da mulher devem continuar também durante a terceira idade. Especialistas destacam que, diferentemente do que muitas idosas acreditam, é preciso dar atenção aos exames de rastreio — como o preventivo para o câncer do colo do útero (papanicolau) e a mamografia — mesmo após os 60 anos.
— A mulher precisa ser cuidada, independentemente da faixa etária. Às vezes as mulheres pensam que, a partir dos 60 anos, não precisam mais ir ao ginecologista e podem abrir mão dos exames. E não é bem assim, porque se faz muitas outras prevenções dentro dessas consultas — salienta Thaís Guimarães dos Santos, chefe do Serviço de Ginecologia do Hospital São Lucas da PUCRS e professora da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
De acordo com a docente, as visitas regulares ao ginecologista devem seguir sendo feitas anualmente. Nessas consultas, as idosas passarão pelo exame ginecológico clínico e pela palpação de mamas, que permite a identificação de caroços.
Confira os exames necessários:
- Exame preventivo para o câncer do colo do útero (papanicolau)
- Mamografia
- Ecografias mamária e transvaginal (caso o médico considere importante)
- Exames laboratorais
Durante a consulta, as pacientes também receberão orientações sobre a vacinação na terceira idade e as medidas que visam à manutenção da expectativa de vida.
Exame preventivo
O exame citopatológico, também conhecido como preventivo ou papanicolau, é recomendado pelo Ministério da Saúde para mulheres de 25 a 64 anos, que já iniciaram a vida sexual. Deve ser realizado uma vez por ano e, após dois resultados normais consecutivos, pode passar a ser feito a cada três anos. Essa coleta é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Thaís reforça que, para mulheres com mais de 64 anos que eventualmente nunca tenham se submetido ao exame, o recomendado é realizar duas vezes, com intervalo de um a três anos. Caso o resultado seja negativo, o Ministério da Saúde determina que não precisam fazer novos exames, “visto que não há evidências de efetividade do rastreamento após os 65 anos”.
No entanto, o exame físico continua sendo muito importante, enfatiza Carla Vanin, chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia da Santa Casa de Porto Alegre e diretora do Hospital Santa Clara:
— Isso não significa que deixamos de realizar o exame ginecológico na paciente. Seguimos colocando o espéculo, avaliando a vagina e o colo. A vagina e a vulva temos que continuar olhando, porque pode ter câncer ou lesões pré-câncer de vagina.
Além disso, a ginecologista da Santa Casa acrescenta que as mulheres que trocam de parceiro na terceira idade voltam a ser um foco de atenção para avaliação e prevenção de colo. Ou seja, precisam retomar a coleta do exame preventivo. Isso porque o câncer de colo do útero está comumente relacionado à infecção persistente por alguns tipos do papilomavírus humano (HPV), que são sexualmente transmissíveis.
Mamografia
Conforme Thaís Guimarães dos Santos, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam que a mamografia seja realizada anualmente dos 40 aos 74 anos para o rastreamento do câncer de mama tanto na rede pública de saúde quanto na privada. Pelo SUS, contudo, o exame de imagem atualmente é oferecido a cada dois anos para mulheres com idades entre 50 e 69.
— A partir disso, os casos vão se individualizando. É preciso saber a história dessa mulher, quais fatores de risco ela tem — comenta a chefe do Serviço de Ginecologia do Hospital São Lucas da PUCRS.
Ecografias
Em conjunto com a mamografia, a ecografia mamária também pode beneficiar algumas mulheres, principalmente aquelas que têm mamas densas. Thaís explica que, depois de uma certa faixa etária, as mulheres vão tendo as mamas mais lipossubstituídas — quando o tecido é substituído por gordura — e, nesses casos, a mamografia pode ser suficiente.
Carla acrescenta que a ecomamária costuma ser mais solicitada pelos consultórios privados. No SUS, é pedida quando o rastreio com a mamografia aponta a necessidade de um exame complementar.
Já a ecografia transvaginal não faz parte do rastreio para todas as mulheres. A ginecologista da Santa Casa comenta que, no caso de pacientes que usam terapia de reposição hormonal, por exemplo, seria interessante fazer a ecotransvaginal para avaliar o endométrio e a espessura endometrial.
Outros exames
As idosas também precisam realizar exames laboratoriais anuais para monitorar glicemia (relacionada ao diabetes), perfil lipídico (que envolve o colesterol) e índices de vitaminas, além de avaliar a tireoide. Carla aponta que pacientes pós-menopáusicas tendem a apresentar um hipotireoidismo, por isso, é recomendado fazer essa avaliação.
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