A cautela recomenda não estourar foguetes, mas dentro da Secretaria da Segurança Pública o otimismo virou rotina. Os registros dos principais crimes não param de cair, embora alguns tipos de delitos cresçam. Mas são exceções. Diminuíram ainda mais os números de homicídios e de roubo de veículos, considerados prioridade no combate à criminalidade.
É sobre esse último tipo de delito que resolvi discorrer. O coronel Paulo Roberto Mendes, ex-comandante da BM e hoje juiz, celebrizou a frase "o crime anda sobre rodas". Ele pregava, com razão, que o bloqueio à circulação de carros roubados nas principais avenidas traria a contenção de outros tipos de delitos.
Mendes conseguiu bons números na sua época, mas as estatísticas atuais são sonho de consumo de qualquer governante. A redução no número de roubos de veículos foi de 31% entre janeiro e setembro deste ano, em relação ao mesmo período no ano anterior. Mais expressiva ainda é a queda desses crimes em Porto Alegre, 41%. As ocorrências de roubo de veículos na Capital passaram de 6.508 para 3.805 de janeiro a setembro deste ano, com 2.703 registros a menos.
Tudo isso com aumento de frota de 11% nos últimos cinco anos.
Do total de veículos roubados a menos, 94% ficam nos 18 municípios que concentram os mais elevados índices de criminalidade do RS e que têm sido alvo de iniciativas como o cercamento eletrônico. Ela consiste em redes de câmeras de vídeo que fazem leitura de placas de veículos e emitem alerta automático quando identificam carro em situação de roubo ou furto. Na SSP a análise é de que começam a dar frutos estratégias do gênero.
Muitos motoristas se irritam, porque a mesma câmera alerta contra irregularidades administrativas (não pagamento de licenças, por exemplo). Pensem, porém, que muito pior para o bolso é ter o carro levado por ladrões.
O aperto a receptadores, com a Lei dos Desmanches, também parece ter contribuído. Agora é manter essa performance e, na medida do possível, reduzir ainda mais os indicadores de roubo.