A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

O futuro do agronegócio, de A a Z, está não apenas no tema da Agrishow deste ano, mas também na vitrine da feira, que é uma das maiores do país. De máquinas que operam sozinhas a robôs que "falam" com pessoas, o evento se estende até esta sexta-feira (2), em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, mais uma vez, como um palco de lançamentos de tecnologias de última geração para o setor produtivo.
Uma delas dá, neste ano, mais um passo em direção a fazendas robotizadas no país, ou seja, 100% tripuladas por robôs autônomos, sem a necessidade de mão-de-obra no campo. É o Refill Station, tecnologia da Solinftec, empresa de São Paulo, que funciona como uma base de abastecimento autônoma. A máquina, operada sozinha a partir de inteligência artificial e energia solar, é capaz de abastecer de três a cinco robôs pulverizadores simultaneamente, o Solix, divulgado pela empresa na feira passada.
— Além de digitalizar o manejo, supre o gargalo da mão de obra, que é uma realidade. A ideia é substituir pessoas que, na verdade, não existem mais — argumenta Emerson Crepaldi, chefe de operações da Solinftec.
No caso do Solix, a tecnologia, que também é abastecida por inteligência artificial, lê as plantas através de câmeras e despeja o produto químico somente nas áreas necessárias. Atualmente, 150 robôs do tipo operam em propriedades em diferentes regiões do país, e a previsão é de dobrar o volume de maquinário neste ano.
Entre outros robôs com inteligência artifical embarcada na feira, um deles chamou a atenção pelo seu carisma. É a Guia (foto abaixo), máquina no estande da New Holland que está "recebendo" os visitantes no local. Com formato humanoide, o robô se desloca sozinho no pavilhão, desvia de obstáculos, responde, escaneia a área ao redor e ainda consegue ativar recursos de um trator real exposto no espaço.

Gargalo da conectividade continua
Mas, para que toda essa tecnologia embarcada seja, de fato, posta em prática no campo, é necessário conectividade. E esse gargalo também foi lembrado na feira. Na avaliação de Alexandre Dal Forno, diretor de Desenvolvimento de Mercado IoT e 5G da TIM Brasil, "há um grande desafio para aumentar ainda mais a expansão do 4G no país". Atualmente, a operadora está com 20 milhões de hectares cobertos com a tecnologia e, neste ano, projeta avançar em mais 6 milhões de hectares.
Considerando todas as operadoras, a cobertura de 4G e 5G também vem crescendo, segundo a ConectarAGRO, associação civil sem fins lucrativos que visa fomentar a expansão do acesso à internet nas áreas remotas do Brasil: foi de 18,7% para 33,9% em um ano.
*A coluna viajou a Ribeirão Preto a convite de pool organizado pela CDI Comunicação