A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

O preço do algodão, que chegou a atingir em abril o maior patamar desde março de 2024, pode impactar as "blusinhas" dos brasileiros. É o que projetou Gil Barabach, consultor do Safras & Mercado, durante o Campo e Lavoura da Gaúcha deste domingo (27).
Conforme Barabach, a alta do algodão se deve à entressafra do cultivo, à pouca oferta de matéria-prima no mercado e à demanda internacional aquecida pelo produto. No entanto, com a entrada da próxima safra em breve, o preço não deve se sustentar por muito tempo, adianta o consultor.
E isso, aliado à imposição de tarifas pelos Estados Unidos à China, pode fazer com que o gigante asiático se volte ainda mais para a matéria-prima brasileira — e não a americana. Os Estados Unidos, assim como o Brasil, é um grande produtor e exportador de algodão — e um grande parceiro comercial com o país asiático.
Mais do que comprar algodão brasileiro, no entanto, o consultor da Safras & Mercado teme o efeito reverso na indústria brasileira. Afinal, a China comprando mais algodão, produzirá mais vestuários (produtos a base de algodão) e precisará redirecionar a rota de vendas — boa parte até então voltada aos Estados Unidos. E essa rota poderá apontar o sentido para o mercado brasileiro.
Entre os efeitos no varejo, Barabach cita a possível falta de competitividade. Já que as chamadas "blusinhas" entram no Brasil, conforme o consultor, a preços inferiores aos praticados pela indústria brasileira.