O acréscimo, até o final do ano, de R$ 4,5 bilhões à linha do BNDES voltada a produtores do Rio Grande do Sul afetados pelo clima promete ampliar o contingente de renegociações. Até o momento, somado esse crédito, as medidas provisórias e negociações com juro livre de banco chegam a 166,4 mil contratos e a uma quantia de R$ 24,5 bilhões.
Os números, elaborados a partir de dados das instituições financeiras, foram apresentados no balanço da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) na segunda-feira (16). O aporte foi acertado em negociações da entidade com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
— O excesso de chuva foi a pá de cal que criou um endividamento muito importante no setor. Estamos negociando até o momento. Na semana passada, solicitamos recursos para essa linha do BNDES — explicou Gedeão Pereira, presidente da Farsul.
Preocupação extra
O economista-chefe da entidade, Antônio da Luz, ressalta que esse dinheiro não onera a União, porque é proveniente do Fundo Social do pré-sal. Dois grupos de produtores, no entanto, ainda preocupam. Um é daqueles que ainda não conseguiram fazer a renegociação. O outro são os 38 mil agricultores, com total de R$ 6 bi, com negociação dentro do juro livre bancário, ou seja, com as dívidas atreladas ao CDI+ (na casa de 12,5% ao ano).
— A Selic (taxa básica de juro) subiu e vai subir pelo menos mais duas vezes. Ou seja, para onde vai a dívida desses produtores? Provavelmente, teremos sérios problemas de novo agora em 2025, porque isso não ficou bem feito —enfatizou Luz.
Estimativa apontada pelas instituições financeiras indica que, com mais R$ 6 bilhões, seria possível atender a toda a demanda de produtores e cooperativas — recursos provenientes do fundo social.