Pode parecer mera formalidade, mas não é. A retomada, nesta segunda-feira (11), da divulgação do preço de referência do litro de leite ao produtor no Estado pelo Conseleite, conselho paritário que reúne indústrias e produtores, tem um papel importante. O número calculado a partir de levantamento feito pela Universidade de Passo Fundo (UPF) traz um balizador, um indicativo do valor mínimo do produto.
— Pelo menos tem um parâmetro — avalia Eugênio Zanetti, vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
O resgate vem com uma mudança no cálculo. Antes, para a formação do valor de referência, eram considerados os primeiros 10 dias do mês. Agora, são 20. A alteração de critérios era um ponto reivindicado por produtores.
— Com 20 dias, dá um cenário melhor. Se tem uma média da questão comercial de mais da metade do mês — explica Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindilat-RS e coordenador do Conseleite.
O vice-presidente da Fetag-RS acrescenta que o formato antigo não traduzia a realidade, porque, às vezes, o padrão de preço do início não se mantinha ao longo do mês.
Para que o cálculo voltasse a ser feito, também foi necessário celebrar um convênio para a contratação do órgão de pesquisa. Dessa forma, os recursos para o pagamento virão do Fundoleite. Até então, eram divididos entre as partes.
Essas duas questões foram pontos que acabaram levando à pausa na divulgação do preço de referência. O último dado apresentado foi em janeiro deste ano, com o valor consolidado de dezembro e a projeção para janeiro. Em fevereiro, o Conseleite ainda se reuniu, mas não houve divulgação do preço.
Em tempo: o valor projetado para novembro deste ano ficou em R$ 2,1051.
Tanto indústria quanto agricultores avaliam que já se chegou ao “fundo do poço” em termos de recuo no preço, com a tendência sendo de estabilidade a partir de agora. O ano de 2023 acentuou a crise na pecuária de leite, com consumo em baixa e importações em alta fazendo o valor do litro recuar em plena entressafra. Levantamento do Cepea/Esalq-USP mostrava uma queda acumulada, até outubro, de 24,8%.
— O mercado tem tendência de manter os preços — reforça Kaliton Prestes, assessor de Política Agrícola da Fetag-RS.
Sobre o valor de referência em si, a Fetag-RS avalia que ainda não consegue fazer frente aos custos. De forma geral, itens que entram nas despesas do produtor caíram. Mas os problemas climáticos fizeram com que o produtor tivesse de complementar a alimentação dos animais com ração, o que adicionou um gasto extra.