A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A colheita dos citros de variedades precoces se encaminha para a reta final no Rio Grande do Sul, mas não sem os efeitos da estiagem que castigou diversas culturas no verão gaúcho. A frutas da temporada que estão chegando aos supermercados estão menores em função da falta de chuvas, mas também mais doces.
— Em anos de seca, o sabor dela melhora, mas o tamanho fica mais miúdo e não tem o que fazer. Por isso, boa parte é destinada para suco, e não para mesa. E o preço é menor — diz o produtor e presidente da Associação dos Citricultores de São Sebastião do Caí (Caicitros), Rodrigo Gossler.
No Vale do Caí, polo da produção dos citros de mesa, a perspectiva é de redução de 20% a 40% nas variedades precoces em função do tamanho das frutas e também dos três anos seguidos de estiagem, que fez com que os pés das frutíferas carregassem menos. O impacto maior da falta de chuvas, no entanto, é na produção da região do Alto Taquari, afirma o agrônomo e assistente técnico regional da Emater em Lajeado, Marcos Schafer.
Outra característica nas gôndolas é a cor. As frutas apresentam coloração vibrante como efeito da maior amplitude térmica registrada nas últimas semanas. A bergamota mais precoce, a okitsu ou bergamota japonesa, que é comercializada no fim de fevereiro e março, tem como característica a casca verde ou amarelada por ainda não haver grande diferença térmica nesse período, por exemplo. A partir de agora, com a ocorrência de temperaturas mais baixas, a diferença nos termômetros altera a cor do suco e da casca nas novas colheitas.
— A estiagem afetou o tamanho na média, mas as frutas estão muito doces e com coloração expressiva pelo tempo seco — diz Schafer.
A maior produção de citros no Rio Grande do Sul é tardia. Portanto, há muita fruta ainda a ser colhida nos pomares. Os números detalhados da safra devem ser divulgados a partir da metade de junho, segundo o agrônomo da Emater.
A expectativa é de que os reflexos da estiagem nas frutas de meia-estação e nas tardias sejam menores. No entanto, é esperada uma redução da colheita devido à dificuldade de recuperação dos pomares com o prolongamento das secas no Estado. Também por causa da estiagem, aumentou a presença de pragas como ácaros e cochonilhas (que deixam a planta mais fraca) e de mosca-das-frutas. Esta última ataca os frutos em fase de maturação e os derruba do pé, exigindo dos citricultores ainda mais cuidados no manejo.