O setor de carnes do Rio Grande do Sul, em especial de aves e de suínos, espera poder retomar a normalidade a partir de hoje. Na última semana, o processamento entrou em marcha lenta devido à mobilização dos caminhoneiros. Sem conseguir escoar a produção destinada à exportação, empresas chegaram a cogitar a suspensão dos abates. No porto de Rio Grande, onde o movimento diminuiu 70%, a expectativa também é de que as atividades voltem ao ritmo habitual.
– Estamos em estado de alerta. Esse é um momento delicado – avalia José Eduardo dos Santos, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
A entidade tem reunião com associados marcada para hoje de manhã. Há indústrias que estão no limite dos estoques, diz Santos.
Com 30% da produção destinada ao mercado externo, as empresas de processamento de carne suína localizadas no Rio Grande do Sul estavam prontas para parar as atividades, caso seguissem os bloqueios.
– Não era possível sair com mercadorias para o porto e nem transportar contêineres vazios para fazer o carregamento – explica José Roberto Goulart, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips) e diretor comercial da Alibem.
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Os locais de armazenamento dos estoques começaram a ficar lotados. O Rio Grande do Sul embarca cerca de 3 mil toneladas de carne suína por semana. Os prejuízos econômicos ainda estão sendo calculados.
Os bloqueios foram mais um percalço no que tem sido um ano tumultuado para o setor de proteína animal.
Os primeiros solavancos vieram com a Operação Carne Fraca, em março. Depois, foram as delações dos irmãos Batista, da JBS, que causaram grande turbulência política. A expectativa era de que, após a votação no Congresso sobre a continuidade ou não das investigações envolvendo o presidente Michel Temer, a situação começasse a normalizar. Mas isso não aconteceu.
– O mercado está travado – observa o diretor-executivo da Asgav.
O segmento de aves, que tem abate diário de cerca de 3 milhões de animais, exporta cerca de 45% da produção. Entre as indústrias de carne bovina, o impacto sentido foi menor. Segundo Ronei Lauxen, presidente do Sicadergs, houve reclamações pontuais no início da semana passada.