No dia 29 de março de 2017, a suprema corte venezuelana se apoiou em um pretexto banal para rasgar a fantasia e assumir de vez o que já estava ficando difícil de dissimular: o conluio do Judiciário com Executivo, sob o comando de Nicolás Maduro. Vinha-se percebendo, havia muito tempo, que as decisões do Supremo Tribunal de Justicia de la República Bolivariana de Venezuela serviam de escudo para as medidas totalitárias de Maduro e, ao mesmo tempo, de espada sobre a cabeça dos vários grupos oposicionistas. Mas era um processo gradual, com um mínimo de escrúpulos, para não dar tanto na vista. Até que a noite desceu pesada sobre Caracas naquele finzinho de março: alegando sentir-se “desacatada”, a suprema corte venezuelana decidiu fechar o parlamento e assumir, ela mesma, as funções dos deputados. E ponto final.
Artigo
Opinião
Caracas-Brasília
Qualquer semelhança com um Brasil governado por uma aliança espúria entre Executivo e Judiciário, e um parlamento de joelhos, não é mera coincidência
Eugênio Esber