O pênalti reclamado pelo Caxias na origem do segundo gol do Grêmio expõe uma questão que precisa ser debatida: os critérios de utilização do VAR no Gauchão.
Antes do início da competição, Leandro Vuaden, chefe da comissão de arbitragem, anunciou que o VAR adotaria uma linha de interferência mais baixa, com o objetivo de corrigir possíveis erros no campo, mesmo que fosse necessário “pecar pelo excesso”. Mas há uma diferença entre corrigir erros de forma criteriosa e gerar interferências desnecessárias.
Até o momento, nas duas primeiras rodadas do Gauchão, o uso do VAR ainda carece de uniformidade e clareza. Isso não é exatamente surpreendente, considerando que o recurso foi implementado pela primeira vez na história do campeonato em todos os jogos.
Muitos árbitros estão lidando com o VAR pela primeira vez, com base em treinamentos realizados na pré-temporada. É natural que ajustes sejam necessários. Seria até ingenuidade esperar perfeição logo de início.
O caso do pênalti reclamado pelo Caxias, neste domingo (26) na Arena, é simbólico desse cenário. Não houve infração. O contato entre o defensor do Grêmio e o atacante do Caxias foi normal, um lance típico de jogo, que não deveria ser o centro de uma polêmica. Anderson Daronco mandou o jogo seguir e o árbitro de vídeo Jean Pierre Lima não interferiu.
É aqui que o debate se torna perigoso. Se começarmos a tratar lances assim como cruciais ou dignos de intervenção do VAR, corremos o risco de distorcer o propósito do recurso. O árbitro de vídeo foi criado para corrigir erros claros e evidentes, e não para revisar todos os contatos ou questionar todas as decisões de campo.
É preciso separar o que é um contato normal de jogo do que é falta. É necessário distinguir um lance de cartão vermelho de um lance de amarelo. E, acima de tudo, é fundamental respeitar a decisão do árbitro em campo. Se o VAR passar a interferir de forma demasiada, abre-se um precedente perigoso em que qualquer situação pode ser questionada, tirando o foco do que realmente importa.
Essa confusão de critérios pode transformar debates técnicos em outro tipo de discussão. E, quando erros realmente graves acontecerem, o impacto será ainda maior, porque a credibilidade do recurso já estará desgastada. Por isso, a comissão de arbitragem precisa alinhar rapidamente os critérios de uso do VAR. É essencial que haja consistência nas decisões para que o campeonato possa seguir com a tranquilidade esperada quando o recurso foi implementado.
O VAR não deve ser motivo de mais confusão. Ele veio para agregar, não para trazer à tona debates desnecessários. Ajustar a rota agora é crucial para que as coisas fiquem no caminho certo para a sequência da competição.
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