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Não concordo com a decisão da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) de trazer árbitros de vídeo de fora do Rio Grande do Sul para a reta final do Gauchão. No entanto, compreendo os motivos que levaram a entidade a adotar essa alternativa.
Se olharmos para o atual cenário no Estado, o principal árbitro de vídeo do estado, Daniel Bins, foi alvo de fortes críticas do Inter, especialmente por parte do diretor esportivo D’Alessandro.
Mesmo sem cometer um erro grave no Gre-Nal, Bins teve sua atuação questionada e sua presença em futuros jogos do Inter contestada publicamente. Para escalá-lo em eventuais finais, a FGF teria que bancar a escolha e comprar essa briga.
O segundo nome na hierarquia do VAR no estado, Douglas Silva, esteve envolvido em polêmica recente no jogo entre Grêmio e Juventude.
A repercussão incluiu manifestações inflamadas de dirigentes gremistas, a presença do vice de futebol na saída do vestiário e uma súmula em que o árbitro de vídeo afirma ter se sentido “coagido”. Isso inviabiliza sua escalação para os jogos decisivos.
As opções
Diante desse cenário, as opções restantes no quadro gaúcho são limitadas. Anderson Farias tem rodagem, mas não o mesmo nível de experiência de Bins.
Marcello Neto vem se destacando, mas está apenas em sua primeira competição com VAR na carreira. Seria arriscado jogá-lo em uma decisão sob pressão.
Outro fator que pesou foi a ausência do árbitro Rafael Klein nas finais. Ele estará apitando a Libertadores sub-20 nas datas prevista para as decisões.
Caso estivesse disponível, a federação poderia escalar Jean Pierre Lima como VAR nas duas decisões, por exemplo, garantindo experiência na cabine.
Com Klein fora, Jean será deslocado para apitar a primeira final, e Anderson Daronco para a segunda, reduzindo ainda mais as opções de VAR.
Uma alternativa seria um revezamento: Jean apita um jogo e Daronco faz o VAR, invertendo na segunda partida. Mas uma escala casada assim poderia gerar questionamentos e complicações administrativas caso houvesse erro em uma das partidas.
Evitando o conflito aberto
A decisão da FGF de trazer árbitros de vídeo de fora significa ceder à pressão exercida pela dupla Gre-Nal com declarações que tornam o clima perigoso.
Em um mundo ideal, a federação deveria bancar seus próprios árbitros, reafirmando a confiança no quadro gaúcho.
No entanto, no cenário atual, isso significaria entrar em um conflito aberto com Grêmio e Inter ou se expor ao risco de escalar árbitros que ainda não têm tanta experiência na cabine.
Ao menos, a federação manteve árbitros gaúchos no campo, garantindo que nomes experientes como Jean Pierre e Daronco comandem os jogos decisivos.
Mas a melhor notícia da coletiva foi que, a partir de agora, os áudios do VAR serão divulgados, aumentando a transparência na arbitragem.