No ano passado, ele entregou titulares, e também reservas imediatos, em nível de excelência física na hora mais decisiva da Copa do Brasil. Ninguém duvida da importância do preparador físico Rogério Dias e de sua equipe na campanha do título. Como o Grêmio consolidou um modelo de jogo de movimentação intensa, com e sem a bola, é vital ter músculos que suportem tanta intensidade. A maratona de jogos já começou, e o cansaço não bateu. Até os lesionados, quando retornam, sentem menos a ausência. Se terminar o fim de semana líder, vencendo o Corinthians na Arena, neste domingo, uma parcela da chegada ao topo se deve a Rogerinho. O segredo? Confira o papo.
O Rogerinho é um apelido de infância ou surgiu no Grêmio?
No Grêmio. Tenho 18 anos de clube, dois como preparador principal, e 41 de idade. É uma vida de Grêmio.
Qual o segredo para correr em jogos colados um no outro?
Um deles é manter um equilíbrio no controle das cargas de trabalho, tanto dos atletas que vêm iniciando os jogos quanto dos que ficam de fora. Quem entra tem de estar, dentro do possível, pois tem a questão do ritmo, no mesmo nível físico de quem saiu. É preciso trabalhar todos, sem exceção.
E o estresse natural, do jogo em si, como recuperar?
Nessa maratona, o trabalho é de administração. É hora de os atletas terem consciência da importância da recuperação em todos os detalhes: sono reparador, alimentação adequada. É um trabalho coletivo.
Comissão permanente ajuda ou atrapalha?
Eu acho que ajuda. Acredito que as coisas ficam mais fáceis. É rotina, entrosamento, convívio. O profissional da parte física pode se adaptar ao modelo de jogo de um eventual novo comandante da comissão técnica. E você estabelece uma relação de confiança com os jogadores que, às vezes, abre espaço para uma conversa extracampo impossível no dia a dia. O jogador te passa informações pessoais que podem ser importantes na elaboração do trabalho.
Essas conversas são frequentes?
Claro. Conheço muitos jogadores desde a pré-adolescência. Com o tempo, ainda mais no meu caso, você aprende a notar se tem algo diferente no momento em que o jogador chega ao clube. Tipo no olhar mesmo. No ano passado, aconteceu muito de jogadores passarem a noite claro em função de filho pequeno. Um papo assim só é possível com um vínculo maior. E te permite recolher dados que podem redirecionar algum trabalho diferenciado em determinadas atividades. Aí tu ajusta aqui e evita um problema lá na frente.
Quem são os top na parte física?
O Ramiro é nosso expoente físico. Ele tem genética excelente, além de ser extremamente dedicado. É interessante notar que alguns, como o Maicon, só para te dar um nome, têm investido pessoalmente em equipamentos de recuperação para acelerar, em casa, o trabalho feito no clube. Além do trabalho com fisioterapuetas, fisiologistas e comigo, dedicam parte do seu tempo pessoal para reforçar o que se faz no CT. É um grupo dedicado e focado.
E a Seleção Brasileira, como entrou na tua vida?
Fui chamado pelo Tite em março para trabalhar em jogos das Eliminatórias. Ajudo a preparar os jogadores com o professor Fábio Mahseredjian. É um reconhecimento do trabalho no clube. Fiquei muito contente.
Dançaste chula na Seleção, é isso?
Sabia que vinha essa (risos). Coisa do Giuliano, claro. O novato tem de passar pelo batismo na Seleção. Ele contou para o Neymar que eu fiz parte do grupo Os Chimangos, que preserva a cultura gaúcha, da minha cidade, Caçapava do Sul. Viajei por vários países me apresentando. Até tentei escapar: falei que não tinha a lança para colocar no chão, mas aí acho que o Alisson pegou as muletas do Gabriel Jesus e improvisou (risos).
Sim, mas dançaste?
A sacanagem é que, quando eu ia começar, o Neymar deu o sinal e todo mundo meio que se mandou (risos). Me deixaram sozinho! Mas isso foi em outro dia. Mas o certo é que eu mandei bem. Foi durante a refeição. O Neymar fez o vídeo e postou. O ambiente da Seleção, com o Tite, é assim: a gente trabalha com alegria. E a gurizada é do bem.
Vais para a Copa da Rússia?
Olha (risos), depois dessa, sinceramente, espero que sim.