
O problema do Grêmio é saber se a entrevista pós-derrota por 2 a 0 para o Ceará, dada pelo técnico Gustavo Quinteros, é para consumo externo ou ele acredita mesmo no que diz.
Se for consumo externo, ok. Defende o time em público, mas lá no vestiário põe o dedo na ferida, quebra os pratos e troca o disco, buscando soluções. Agora, se ele realmente acredita nesse país das maravilhas irreal, aí o Grêmio está metido numa enrascada, pois nada mudará.
Quinteros disse que o Grêmio jogou bem. Só faltou eficácia ofensiva. Chamou o resultado de injusto e cravou que o seu time criou cinco chances claras. Elogiou a defesa. O Ceará pouco ameaçou. Sim, Quinteros falou exatamente assim. Quem viu o jogo sabe que essa narrativa não e verdadeira.
A narrativa do resultado, que serviu contra o Galo na vitória, agora não vale para o Ceará, por exemplo. Além dos dois gols cearenses, Pedro Raul acertou o travessão após girar sobre Jemerson, Volpi espalmou no reflexo para escanteio após bicicleta de dentro da área e, por fim, Pedro Raul ganhou dos zagueiros e cabeceio fraco, rente a trave. Fico por aqui apenas para empatar as cinco chances a favor do Grêmio, mencionadas por Quinteros.
Onde está a superioridade e consistência defensiva? Serrote e Jemerson, pelo lado direito, tiveram atuações muito abaixo. Fernandinho aprontou a noite toda entre eles. Não houve providência para resolver o problema, que só melhorou quando Fernandinho saiu lesionado. Lucas Esteves comprometeu ao bloquear um cruzamento com as mãos abanando dentro da área. Pênalti, claro. Wagner Leonardo foi uma ilha.
À frente dele, Camilo desarmava, mas depois entregava para o adversário. Para buscar o gol, Quinteros terminou o jogo com Monsalve de meia central e Cristaldo com Arezo na frente, mais Aravena e André (Amuzu deixou o campo após bater a cabeça).
Teve arremates na pressão, mas sem organização. No abafa. Seguiu fazendo a saída de bola com zagueiros e bola longa para os atacantes. Léo Konde, técnico do Ceará, disse que já imaginava essa única forma de atacar e preveniu a última linha de defesa. O Grêmio se tornou uma equipe previsível. O Ceará, que lutará para não cair e tem muito menos investimento, aplicou 2 a 0.
Fala de Alberto Guerra
Parabéns ao presidente Alberto Guerra, que falou após a derrota. Deu a cara à tapa. respondeu perguntas duras com educação. Mas foi uma entrevista protocolar, do presidente que tem de defender o trabalho. Na busca por argumentos, falou em pressão e estádio cheio. Só que foram 26 mil pessoas. Cabem 62 mil no Castelão. O estádio estava mais para vazio do que lotado.
O Grêmio parece perdido neste começo de Brasileirão. O tempo vai passando e o rendimento, ou algum indício dele, não aparece. Como acreditar que virá, sem mudanças de peças e ideias?
Murro em ponta de faca não adiantará. Convicção é diferente de teimosia. É preciso mudar a forma de jogar já contra os peruanos do Atlético Grau, usando mais volantes e meias. O tripé Camilo, Edenilson e Villasanti é de uma proposta pobreza franciscana na criação. Se estivessem formando um sistema defensivo sólido, mas o adversário chega na área com facilidade.
No Brasileirão, o próximo jogo é contra o Flamengo. Tempo nublado, sujeito a trovoadas.
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