A história já foi feita. A campanha da seleção brasileira masculina de handebol no Mundial, com a inédita vaga nas quartas de final, deixando pelo caminho as tradicionais Suécia, Noruega e Espanha é digna de todos os aplausos e homenagens possíveis. Agora, o desafio será a Dinamarca, atual tricampeã do mundo e medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris. Os europeus mais uma vez são favoritos. Mas não é possível antecipar uma derrota, mesmo diante de um adversário de poderio superior.
Mas o resultado nesse momento é o que menos importa. O que deve ser exaltado é a forma como a equipe se apresentou. A maneira como Marcos Tatá conduziu o trabalho até esse momento, que já é vitorioso, e que dá esperança de que desempenhos superiores possam vir no futuro.
Vale lembrar que anos atrás, em 2013, a seleção feminina surpreendeu o mundo e conquistou um inédito título mundial. Porém, o handebol não se tornou popular e sequer passou a ter um acompanhamento mais detalhado da imprensa esportiva, e hoje poucos lembram dessa conquista.
E uma das provas de que o crescimento esperado não veio está em uma entrevista que fiz em agosto de 2019, durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, com Thiagus Petrus. O capitão daquela equipe, que é destaque no espanhol Barcelona e que está no grupo histórico desse Mundial, disse uma frase que me surpreendeu pela sinceridade: "A estrutura do handebol brasileiro é deplorável".
Naquele momento, o Brasil acabava de perder uma semifinal para o Chile e apenas pela segunda vez na história do evento ficava de fora da disputa pela medalha de ouro. Foi um grito de socorro. Mudanças aconteceram na confederação, mas nada que possa ser considerado decisivo para que o excelente resultado viesse a acontecer.
Aqui trago outra entrevista que fiz com o então candidato à presidência do Comitê Olímpico do Brasil (COB), que em outubro do ano passado afirmou no programa Gaúcha Olímpica, da Rádio Gaúcha, que a CBHb era um de seus alvos de preocupação. Segundo o agora presidente, "duas confederações estão com problemas sérios, que são a Confederação Brasielira de Handebol (CBHb) e a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), e isso reflete nos resultados".
Os resultados até vieram. Mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido para que a liga brasileira seja fortalecida e, por consequência, a seleção. E se você ainda não pôde acompanhar a seleção de handebol nesse Mundial o faça, mesmo diante da atual tricampeã do mundo.