
Tenista brasileira de melhor ranking na história da WTA, Bia Haddad Maia tem acumulado fracassos na temporada de 2025 e uma pergunta é repetida a cada derrota da paulista: "O que há com a Bia ?".
No ano são apenas duas vitórias em 14 jogos e algumas derrotas constrangedoras, como a segunda parcial da partida contra a norte-americana Emma Navarro, quando fez apenas cinco pontos em todo o set e voltou a perder por 6/0, algo que já ocorreu em outros momentos da temporada.
Bia está entre as 20 melhores do mundo desde 2022 e sua qualidade de jogo sempre foi inegável. Alta, com um bom saque e golpes profundos, ela chegou ao top-10, após superar lesões e até mesmo uma suspensão por doping.
As comparações com Maria Esther Bueno chegaram na mesma velocidade que o sucesso repentino fora das quadras. Afinal, brasileiro só conhece atleta depois que ele vence. Claro que Bia está longe de Maria Eshter, que só não liderou o ranking mundial porque ele não existia na época em que ela venceu 71 torneios de simples, sendo sete deles de Grand Slam, além de 12 troféus destas competições em duplas.
Mas depois de Maria Esther e Guga Kuerten é claro que Bia ainda é a maior jogadora da história do Brasil no tênis. João Fonseca ainda vai chegar lá, antes que o citem.
Então com todas essas características, quatro títulos no circuito e mais de US$ 8 milhões acumulados em prêmios (R$ 46,9 milhões pela cotação atual), o que falta para que ela volta a vencer ? Quais os motivos de sua queda de rendimento ?
Saúde mental
A resposta não é clara e vários fatores podem ser especulados. Mas prefiro falar de um que foi citado por ela própria. Após ser eliminada do WTA 1000 de Miami, pela tcheca Linda Fruhvirtová, em jogo que só ganhou dois games, ela conversou com o repórter Conrado Giulietti da ESPN e citou a saúde mental.
— É uma questão minha mesmo, de emoção, uma questão pessoal. Não tenho nada para dar como desculpa, não estou culpando ninguém. Não é exterior isso. É uma questão minha comigo e eu vou buscar essa solução — disse Bia em tom até desabafo.
Curiosamente, dias depois ela desligou de sua equipe a psicóloga Carla Di Pierro, que a acompanhou por uma década, e o técnico francês Maxime Tchoutakian, que entre outras atletas treinou a bielorrussa Victoria Azarenka, ex-número 1 do mundo, por quatro temporadas. O europeu chegou à equipe de Bia em dezembro de 2024 e saiu no final de março deste ano.
Quem segue ao lado de Bia Haddad Maia é Rafael Paciaroni, treinador da brasileira desde o início de 2021. Muitas pessoas questionam se também não seria a hora de trocar este profissional. Mas foi com ele, que Bia explodiu no circuito e deixou de ser a promessa para se tornar a realidade do tênis brasileiro. Aqui, apenas um desgaste natural de relação poderia definir por uma troca.
Mas voltemos ao mental de Bia. Afinal, ela mesmo disse que "não tem que culpar ninguém e não usar algum tipo de desculpa". E essas palavras, culpa e desculpa são muito usadas por pessoas que estão com a saúde mental afetada. Em alguns casos, parar por um tempo é a solução. Naomi Osaka e Simone Biles fizeram isso, por exemplo.
Que Bia tome a melhor decisão não apenas pensando na atletas, mas sim na Beatriz, a mulher que daqui uns anos estará falando sobre o legado que deixou para jovens que a acompanham no circuito.