Poderia começa a semana falando de vários temas que aconteceram nos últimos dias e que pretendo abordar com calma nas próximas colunas. O esporte olímpico teve diversas atrações como o título mundial de Henrique Avancini, a boa campanha brasileira na Universíade ou até mesmo o fraco desempenho de nossa seleção no World Masters de judô. Mas escolhi o Mundial de Natação paralímpica.
E porque a escolha recai no que ocorreu nas piscinas de Manchester, na Inglaterra? Bom, lá o esporte paralímpico brasileiro mostrou mais uma vez sua força, como há poucos dias o atletismo em competição semelhante havia feito.
A campanha brasileira neste Mundial de natação foi espetacular e a seleção terminou em quarto lugar no quadro de medalhas. Vários foram os destaques, mas vou destacar duas nadadoras excepcionais que representam clubes do Rio Grande do Sul.
O grande nome da delegação do Brasil foi Carol Santiago. Ela caiu na piscina oito vezes e está trazendo na bagagem oito medalhas ! Em Manchester comemorou seus 38 anos, no último dia 2, ganhando a terceira de suas cinco medalhas de ouro e terminou o evento como a atleta que mais vezes subiu no pódio, entre homens e mulheres.
Fenômeno do esporte, Carol deverá brilhar em Paris daqui um ano e ampliar ainda mais sua coleção de conquistas, que hoje já tem três ouros, uma prata e um bronze olímpicos. Em mundiais, ela já tem impressionantes 19 medalhas, 13 delas de ouro. E isso que seu ingresso no esporte paralímpico é recente.
Carol Santiago, que nasceu em Recife, tem a síndrome de Morning Glory, uma alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão e praticou natação convencional até o fim de 2018, quando migrou para a modalidade paralímpica.
E o que falar de Susana Schnarndorf ? Aos 55 anos ganhou quatro medalhas no Mundial e aumentou seus feitos no esporte e na vida.
Pentacampeã brasileira de triatlo e praticante do Ironman, aquela prova onde o atleta nada 3,8 km, percorre outros 180 km em uma bicicleta e pra completar corre os 42,1 km de uma maratona, ela teve sua vida modificada ao se tornar mãe, pela terceira vez, em 2005.
Após sentir alguns sintomas diferentes em seu corpo e passar por diversos especialistas, ela recebeu o diagnóstico de síndrome de Shy-Drager, hoje chamada Atrofia de Múltiplos Sistemas, uma doença degenerativa que paralisa os músculos gradualmente, limitando a mobilidade, e que afeta o Sistema Nervoso Autônomo, responsável por controlar pressão arterial, respiração, sistema intestinal e outras funções.
E mesmo que a expectativa de vida para pacientes dessa síndrome seja de 10 anos, Susana convive com ela há 18 e mostra cada vez mais que é possível vencer limites, e não apenas os impostos por adversários de campos, quadra, pistas, tatames, piscinas, mas também o preconceito e as limitações impostas pela vida, que foram mostradas no documentário que conta sua história, "Um Dia para Susana", lançado em 2019.
Carol Santiago é atleta do Grêmio Náutico União e Susana Schnarndorf, que deu as primeiras braçadas no clube unionista hoje pertence a Associação Esporte+, que também brilhante trabalho no esporte paralímpico.