Com cerca de 70% do plantio de trigo concluído no Estado, segundo a Emater, os produtores gaúchos já olham animados para a colheita. E com toda a razão.
A baixa oferta do produto no mercado nacional deve garantir um preço 15% superior ao grão em relação a última safra, quando a cultura já estava valorizada. Depois da supersafra de soja, é o trigo que se prepara para reluzir feito ouro nas lavouras do Estado.
O atual cenário favorável deve contribuir para o aumento de 6% a 10% na área destinada ao trigo no Rio Grande do Sul, conforme estimativa da Federação da Agricultura do Estado (Farsul). Esse crescimento deve ter grande contribuição dos produtores da Metade Sul. A Farsul estima que cerca de 30% dos 500 mil hectares usados na região para as culturas de verão devem ser destinados ao cereal, o que corresponde a 150 mil hectares. Na última safra, conforme a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), os gaúchos plantaram 976,2 mil hectares do cereal. A estimativa da Conab para este ciclo é alcançar 1,01 milhão de hectares.
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Presidente da comissão do trigo da Farsul, Hamilton Jardim afirma que, com o grão valorizado, a safra é favorável ao investimento em cultivares de melhor qualidade. Enquanto no passado o Estado produzia basicamente trigo para biscoitos, hoje, devido às novas variedades, o Estado cultiva cereal de melhor qualidade, que atende à demanda da indústria de panificação.
A recente decisão do governo argentino de suspender a exportação de 370 mil toneladas de trigo refletiu positivamente nas lavouras gaúchas. Sem a oferta do país vizinho, o grão brasileiro fica em alta, diz o analista de mercado Cleber Bordignon. O preço do cereal, de acordo com o analista, sobe com regularidade desde a quebra na safra passada, devido a fortes geadas em setembro no norte do Estado.
- A última colheita foi um divisor de águas. A baixa oferta elevou os preços da saca do grão de R$ 27 para R$ 42 por saca.
Produtores aproveitam o bom momento
A ampliação da área no Estado se deve a movimentos como o de Delcio Baseggio, 54 anos, que aumentou quase 30% a área ao saber da redução da entrada do trigo argentino e da estimativa de salto na rentabilidade. Neste ano, a área cultivada com o grão, na propriedade em Coxilha, no norte do Estado, passou de 310 para 400 hectares.
Com 92% da área já plantada, Baseggio investiu em tecnologia e mantém, há três anos, a média de produtividade de 80 sacas por hectare. Na safra passada, mesmo com o plantio afetado pela geada, em setembro, conseguiu colher cerca de 37 sacas por hectare, 15% a mais que a média estadual, de 32 sacas.
Futuro dourado
Baixa oferta deve garantir preço 15% superior ao trigo nesta safra
Segundo a Emater, cerca de 70% do plantio do grão foi concluído no Estado
Fernanda da Costa
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