Deve estar no complicado idioma russo a razão para tanta dificuldade de compreensão no que diz respeito à autorização - ou melhor, a falta dela - para a venda de carnes a este importante mercado. Só isso para explicar tantas idas e voltas com relação ao embargo existente para Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, que já se estende desde 15 de junho de 2011.
Conforme a versão, um novo entendimento sobre o alcance da restrição. No ano passado, os russos vieram ao país e visitaram uma série de unidades. Em novembro, o Ministério da Agricultura anunciou o fim da suspensão, embora admitisse que, na prática, os frigoríficos só conseguissem realizar embarques a partir de 2013. A explicação era de que, apesar de aberto o mercado, as indústrias teriam de aguardar as regras de equivalência.
Para os frigoríficos gaúchas, porém, a retomada não se concretizou. Segundo Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Produtoras de Carne Suína (Sips) os três Estados (RS,PR e MT) continuam sem exportar carne suína. À época da suspensão, Brasil exportava um volume mensal de 14 mil toneladas à Rússia, sendo que desse total, cerca de 50% tinha origem no Estado.
Agora, embora a visita seja considerada de rotina, as esperanças de reconquistar o mercado se reacendem. Por ora, estão confirmadas três unidades de abates de suínos. Na quarta-feira, dia 3, será a da BRF de Lajeado. Na quinta-feira, a do frigorífico Alibem, de Santo Ângelo, e na sexta-feira, o da mesma marca em Santa Rosa. Fora do protocolo, há uma tentativa também de conseguir levar os técnicos até a unidade da Cotrijui de São Luiz Gonzaga - única planta de suínos gaúcha habilitada a exportar para a China e que tem condições imediatas de atender a uma demanda específica dos russos, a de produzir carne sem a presença de ractopamina, hormônio de crescimento.
Com os russos têm fama de procurar fio de cabelo em ovo, melhor caprichar na tradução desta vez, para entender tim -tim por tim-tim o que, afinal de contas eles precisam para voltar a comprar nosso produto.