Alguns planetas podem formar grandes depósitos de diamantes, de acordo com um estudo publicado nessa sexta-feira (2) pela revista Science Advances, que usou plástico para recriar as condições da possível aparição da pedra preciosa em Urano e Netuno.
No estudo, os cientistas levantaram a hipótese de que pressões colossais transformaram hidrogênio e carbono em diamantes, fluindo milhares de quilômetros abaixo da superfície gasosa dos planetas.
A pesquisa publicada na Science Advances sugere que a adição de oxigênio à mistura facilitaria essa formação. As camadas de diamante seriam de um tipo muito especial, explicou Dominik Kraus, físico do laboratório de pesquisa alemão HZDR e coautor do estudo.
— Os diamantes se formariam a partir de um "líquido quente e denso", antes de afundar lentamente no núcleo rochoso dos planetas, 10 mil quilômetros abaixo da superfície — explicou à AFP.
— Se espalhariam então em camadas de centenas de quilômetros ou mais — acrescentou.
Para explicá-lo, um grupo de cientistas do HZDR, da Universidade de Rostock na Alemanha e da Escola Politécnica tentaram recriar essas condições. Para fazer isso, eles usaram um plástico simples como material que mistura carbono, oxigênio e hidrogênio, os ingredientes necessários. Eles então o submeteram a um poderoso laser do laboratório SLAC em Stanford, nos Estados Unidos.
— Flashes muito, muito breves de raios-X de incrível intensidade permitiram a formação de nanodiamantes, que são muito pequenos para serem observados a olho nu — descreveu Kraus.
— O oxigênio, presente em grandes quantidades nesses planetas, facilitaria assim a formação de diamantes — explicou.
Os pesquisadores supõem que nessas áreas os diamantes podem ser muito maiores do que os da Terra, acrescenta um comunicado publicado com o estudo. A descoberta abre caminho para uma nova maneira de produzir nanodiamantes, cada vez mais úteis em sondas médicas, cirurgias não invasivas ou na eletrônica quântica.
— A produção a laser pode oferecer um método mais limpo e controlável de produção de nanodiamantes — disse Benjamin Ofori-Okai, cientista do SLAC e coautor do estudo.