
A suspensão do julgamento de Alexsandro Gunsch, 49 anos, réu pela morte da personal trainer Débora Michels Rodrigues da Silva, 30, causou sentimento de frustração na família da vítima.
O júri estava marcado para começar nesta quinta-feira (6), em Montenegro, no Vale do Caí, onde o crime aconteceu em janeiro do ano passado.
No entanto, na noite de quinta-feira (5), o réu apresentou um documento que revogou os poderes da advogada que fazia sua defesa até então. Por Gunsch não apresentar nova defesa, o julgamento não pode ser realizado.
— Estamos indignados e tristes. Esperávamos um desfecho, principalmente para os meus pais. Mas nossa legislação é assim, tem brechas para tudo — disse Alex Rodrigo Michels, 44 anos, irmão de Débora.
Familiares e amigos próximos da personal trainer chegaram ao fórum de Montenegro por volta das 7h para acompanhar o julgamento, que estava marcado para começar às 8h.
— Se Deus quiser, a família vai ter um alento. Só queremos que ele pague pelo crime que cometeu, para que isso não passe impune — acrescenta Michels.
O réu terá 10 dias para indicar um novo advogado ou informar se pretende ser defendido pela Defensoria Pública. Apenas depois disso será marcada uma nova data para o julgamento.
Segundo o Tribunal de Justiça, todos os procedimentos serão refeitos, incluindo o sorteio de novos jurados e a intimação de testemunhas.
Alexsandro Gunsch responde por feminicídio qualificado, por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele está preso preventivamente na Penitenciária Estadual de Canoas I.
Relembre o caso
Débora Michels Rodrigues da Silva, 30 anos, foi encontrada morta na manhã do dia 26 de janeiro do ano passado, em frente à casa dos pais. À Polícia Civil, o homem admitiu ter agredido a mulher e ter abandonado o corpo dela na calçada.
Em depoimento, Gunsch disse à polícia que, durante uma discussão, ele e a vítima trocaram agressões. Na sequência, ele teria a segurado pelo pescoço, levantado e arremessado contra um guarda-roupas. Foi neste momento em que ela teria começado a passar mal.
Ele relatou que depois disso colocou Débora no carro e, no deslocamento, percebeu que ela estava morta. Gunsch disse ter ficado desesperado com a situação e decidido deixar o corpo em frente à casa da família.
No entendimento do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), no entanto, o crime teria acontecido de outra forma. Para a acusação, ele assassinou Débora de forma premeditada. Após fazer uso de cocaína, por estar irritado pelo término do relacionamento, teria esganado a personal trainer.
Após, conforme o MP, o homem recolheu o corpo dela, colocou em seu carro e abandonou em frente à casa dos pais dela. A morte, conforme certidão de óbito, foi causada por asfixia mecânica. Para o Ministério Público, o motivo torpe se dá em razão do sentimento de posse do réu em relação à vitima.
Dois dias antes de ser encontrada morta, Débora havia feito a vistoria no imóvel onde planejava recomeçar a vida.