
A família de Passo Fundo suspeita de cometer golpes do bilhete no Rio Grande do Sul e outros estados brasileiros chegou a gastar R$ 50 mil em passeio no shopping depois de cometer crime. O detalhe se destacou em meio a investigação da Polícia Civil que desarticulou o esquema nesta quinta-feira (6).
A Operação Maré de Azar identificou e prendeu preventivamente quatro pessoas da mesma família que vivem em Passo Fundo, no norte gaúcho. O quarteto acumula diversos golpes no país, inclusive no estado de São Paulo.
As principais vítimas do grupo são idosos e o prejuízo causado pelas fraudes é inestimável, com valores que ultrapassam centenas de milhares de reais, aponta a investigação.
O grupo já havia sido preso em flagrante no dia 17 de fevereiro, após aplicar golpe em idosa de 87 anos, que teve prejuízo de mais de R$ 200 mil. Eles foram liberados na ocasião, mas a Justiça pediu pela prisão preventiva novamente depois que a polícia comprovou que eles continuavam cometendo os crimes.
No decorrer da investigação, os policiais descobriram que o grupo suspeito chegou a gastar cerca de R$ 50 mil em artigos de alto padrão em um shopping de Porto Alegre. O passeio aconteceu depois que o grupo aplicou um golpe em Capão da Canoa.
Nesta quinta-feira, a operação realizou buscas em casas do grupo, no bairro Boqueirão. No local foram apreendidos celulares, computadores e outros itens de luxo, o que comprova o padrão de vida mantido com o dinheiro das vítimas.
— É inestimável o quanto eles já conseguiram em dinheiro com esse golpe. Eles têm um histórico de atuação não só no Rio Grande do Sul, mas em outros estados. Passo Fundo, infelizmente, virou uma espécie de capital do conto do bilhete — disse o delegado André Luiz Freitas, que liderou a operação.

Esquema familiar
Os quatro detidos nesta quinta-feira fazem parte de uma rede criminosa familiar, com atuação coordenada e sistemática, disse a Polícia Civil. Entre eles, três estavam em casas no bairro Boqueirão e um já era detento do Presídio de Osório.
A Polícia Civil acredita que há mais vítimas em outras cidades e estados, e as investigações continuam para identificar outros possíveis envolvidos e alvos do grupo.
— É fundamental que as pessoas desconfiem de propostas milagrosas e sempre verifiquem a veracidade das informações com familiares ou autoridades antes de tomar qualquer decisão envolvendo dinheiro — ressaltou o delegado.
A defesa dos investigados informou que só se manifestará depois de ter acesso ao inquérito policial.
Qual o modus operandi do golpe do bilhete
O golpe do bilhete premiado segue um roteiro conhecido. Saiba como funciona a seguir:
- Um dos integrantes do grupo aborda a vítima, geralmente idosa, e afirma ter um bilhete premiado, mas que não pode sacar o valor sozinho
- Em seguida, outro criminoso se aproxima e demonstra interesse no bilhete, oferecendo uma quantia para comprá-lo
- Para convencer a vítima, os golpistas simulam uma ligação com um suposto funcionário de banco, que confirma a veracidade do prêmio
- A vítima é então levada a sacar ou transferir dinheiro para comprar ou sacar o valor do bilhete, que é entregue aos criminosos
- Quando têm o dinheiro na mão, o grupo fraudulento desaparece sem deixar rastros.